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TEMPO RECIFE: Até quando vai chover no Recife?

Chuvas intensas em Pernambuco trouxeram uma série de transtornos à população

Luana Simões
Luana Simões
Publicado em 07/06/2022 às 12:38 | Atualizado em 07/06/2022 às 12:51
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DAY SANTOS/JC IMAGEM
Chuvas alagam ruas no Recife FOTO: DAY SANTOS/JC IMAGEM
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As fortes chuvas que atingem o Estado de Pernambuco desde o fim de maio causaram um cenário de tragédia jamais vivenciado antes. Por onde passam, as águas torrenciais deixam um rastro de destruição e dor para inúmeras famílias.

Devido a falta de estrutura na região, o acúmulo de água foi responsável por quase 130 mortos até o momento. Nesse cenário, é recomendado que a população tome um cuidado extra e siga as orientações das autoridades. 

Desastres geológicos, como deslizamentos de terra, inundações, enxurradas e alagamentos são os principais riscos esperados em chuvas intensas, alerta o coordenador-geral de Gerenciamento de Desastres do Centro Nacional de Gerenciamento de Risco e Desastres (Cenad), Tiago Molina Schnorr.

TRAGÉDIA JAMAIS VISTA EM PERNAMBUCO

A tragédia pelas chuvas do fim de maio e início de junho foi considerada a maior de Pernambuco, superando a cheia de 1975, quando 80% de Recife ficou submerso, com 105 pessoas indo a óbito.

Em um balanço divulgado pela Coordenadoria de Defesa Civil do estado (Codecipe) no último domingo (5), são 61.596 desalojados e 9.631 desabrigados em 123 abrigos espalhados em 31 municípios de Pernambuco no momento.

Vale lembrar que o termo desalojado é usado para se referir a uma pessoa que, após um desastre, seguiu para a casa de um parente. O desabrigado é quem está em um abrigo público ou privado.

Segundo a Defesa Civil da capital pernambucana, as chuvas de maio ultrapassaram em quase 80% o volume de água esperado para todo o mês. Alinhado a isso, o prefeito de Recife, João Campos, disse que o temporal da última quarta-feira de maio (25) foi o maior registrado na cidade em 42 anos.

VÍTIMAS E SOFRIMENTO PARA POPULAÇÃO

Até o momento, são 129 vítimas confirmadas pelas chuvas intensas. A maioria das mortes aconteceu por deslizamento de terra em regiões mais pobres, com casas sem infraestrutura adequada.

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"Na verdade, isso não é uma tragédia. Isso é uma chacina. Porque todos os anos isso acontece, sendo que não tinha acontecido ainda nessa proporção. E isso, infelizmente, está longe de mudar", diz Edson Souza, parente da jovem Taís Lucia Oliveira, de 22 anos, vítima do deslizamento de barreira que atingiu o Jardim Monte Verde, em Jaboatão dos Guararapes.

Por meio de entrevistas à TV Jornal, outros familiares das vítimas tentaram conter as lágrimas ao relatar o trágico momento em que suas vidas foram afetadas para sempre.

Muitos denunciaram o descaso do Estado, uma vez que o próprio INMET (Instituto Nacional de Meteorologia) emitiu um alerta vermelho na última sexta-feira de maio (27) relativo às chuvas que iriam atingir Pernambuco durante o fim de semana, mas pouco foi feito pelo governo para retirar a população das áreas de risco.

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DESCASO E ATUAÇÃO DO ESTADO

Os transtornos relacionados ao período de chuvas em Pernambuco não são novidade. A infraestrutura de drenagem pluvial das cidades pernambucanas frequentemente não dão conta de escoar toda a água da chuva, o que acarreta em alagamentos que prejudicam severamente a população.

Somado a isso, as chances de acontecerem desastres geológicos aumentam, principalmente deslizamentos de terra, o que ameaça moradores de áreas de risco.

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“A gente não controla o tempo, com as mudanças climáticas, as chuvas vão ser mais imprevisíveis e intensas. O que a gente pode controlar é o investimento público, mas os governos não vêm destinando o recurso adequado para eliminação do risco, e não ter obras estruturantes para essas áreas é condenar as pessoas à morte”, afirmou a diretora Executiva Nacional da Habitat para a Humanidade Brasil, Socorro Leite, para uma reportagem do NE10.

Mesmo com essa falta de estrutura, uma grande quantidade de vítimas, chuvas incessantes, soterramento e diversos obstáculos, muitos resgates foram bem-sucedidos, principalmente pela ação heróica de bombeiros que prestaram socorro para inúmeras famílias.

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É destacado, no entanto, que todo esse esforço de socorristas não deveria ser necessário se fossem colocadas em prática obras de infraestrutura para suportar grandes volumes de água e se funcionassem sistemas de comunicação e evacuação da população moradora de áreas de risco.

SUPORTE AOS ATINGIDOS

Após decretar luto oficial de três dias no estado na primeira sexta-feira de junho (3), o governador Paulo Câmara confirmou o auxílio emergencial para as famílias afetadas no valor de R$ 1.500.

Além do Auxílio emergencial, o governador enviou projeto de lei para conceder o pagamento de pensão vitalícia de um salário mínimo aos dependentes das pessoas mortas pelas enchentes que atingiram o estado.

O Auxílio Pernambuco, como foi batizado o projeto, irá contemplar as famílias atingidas pelas chuvas que se encontram inscritas no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico).

Além disso, moradores de diferentes comunidades de Recife estão recebendo doações e muitas instituições estão se mobilizando.

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COMO SE PROTEGER DAS CHUVAS

Para se proteger das chuvas e o que elas ocasionam, a melhor alternativa é seguir recomendações das autoridades.

A prefeitura de Recife orienta a população que, em caso de chuvas fortes, os cuidados sejam redobrados e que os moradores procurem um local seguro para se proteger.

Para moradores nas áreas consideradas de risco, é recomendado ir para casa de amigos e familiares durante as chuvas. Já abrigados, evitar o deslocamento na cidade.

Outra forma de se prevenir é recebendo mensagens de alerta por SMS da Defesa Civil Nacional no celular. Para isso, basta cadastrar os telefones celulares, por meio do envio de mensagens de texto para o número 40199, com o CEP da região onde mora.

Também é importante ficar atento aos alertas que são enviados por meio de SMS, TV por assinatura e pelas redes sociais da Defesa Civil Nacional (@defesacivilrecife), do Inmet (twitter: @inmet_ | Instagram: @inmet.oficial) e da APAC (apac_oficial).

Em caso de emergência, a Defesa Civil pode ser acionada no telefone 199 e os bombeiros, no 193.

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ALERTAS DA APAC PARA CHUVA

A Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac), emite alertas sobre a situação meteorológica do estado para a população.

Os alertas variam de estado de observação (risco moderado), estado de atenção (risco moderado a alto) e estado de alerta (risco muito alto).

A manhã desta terça-feira (07/06) foi de chuvas na Região Metropolitana do Recife e em outras duas regiões de Pernambuco. Diante disso, a agência elevou o nível do aviso: antes, havia risco moderado, porém, agora a situação é de risco moderado a fraco, o que levou à atualização do alerta para "estado de atenção".

Segundo a Apac, as chuvas, de intensidade moderada a forte, são previstas para as seguintes regiões de Pernambuco hoje (07/06):

  • Agreste
  • Região Metropolitana do Recife
  • Zona da Mata Sul

ATÉ QUANDO VAI CHOVER NO RECIFE?

O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) informou que a previsão é de continuidade das chuvas na Região Metropolitana do Recife (RMR) e outras áreas de Pernambuco pelo menos até a quinta-feira (09/06).

Para o resto do mês de junho, a Apac prevê que o acumulado de chuvas esperado deve ultrapassar a média histórica para o mês, de 337,6 milímetros na Região Metropolitana do Recife.

O que ainda não se sabe é se essa chuva vai ser distribuída ao longo de junho ou se vai ser mais concentrada, como aconteceu maio, quando praticamente não choveu nos 20 primeiros dias e fortes tempestades aconteceram na última semana. Para isso, é necessário um acompanhamento diário dos alertas.

De acordo com meteorologistas, as fortes chuvas são consequência do aumento de temperatura do mar. Quando o mar está mais aquecido, a umidade na atmosfera aumenta, o que volta em forma de chuva para a superfície.

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