Mundo se distancia cada vez mais de objetivo climático

Foto tirada no Malaui, que mostra barcos sem motor estacionários que ficam ociosos no porto seco de Chisi, no distrito de Zomba (AMOS GUMULIRA / AFP) Foto: Foto tirada no Malaui, que mostra barcos sem motor estacionários que ficam ociosos no porto seco de Chisi, no distrito de Zomba (AMOS GUMULIRA / AFP)

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Mundo se distancia cada vez mais de objetivo climático

Agence France-Presse
Publicado em 27/11/2018 às 13:45
Foto tirada no Malaui, que mostra barcos sem motor estacionários que ficam ociosos no porto seco de Chisi, no distrito de Zomba (AMOS GUMULIRA / AFP) Foto: Foto tirada no Malaui, que mostra barcos sem motor estacionários que ficam ociosos no porto seco de Chisi, no distrito de Zomba (AMOS GUMULIRA / AFP)


O mundo está se afastando do seu objetivo de controlar o aquecimento global, com um crescente fosso entre as emissões de gases de efeito estufa e a ambição do Acordo de Paris, advertiu a ONU nesta terça-feira (27) em seu relatório anual.

Para manter o aumento do termômetro abaixo dos 2°C, os Estados terão de triplicar até 2030 o nível global do seu compromisso, em comparação com as promessas feitas em 2015 na conferência sobre o clima em Paris (COP21), ressalta o Programa Ambiental de Nações Unidas (PNUMA)

E multiplicar por cinco para não exceder +1,5°C, um aumento que já provocará distúrbios, acrescenta este 9º relatório sobre a ação climática, publicado cinco dias antes da abertura da 24ª Conferência Mundial do Clima na Polônia (COP24). "Esta é a notícia mais alarmante: a diferença (entre o nível atual de emissões e o nível necessário) é maior do que nunca", disse à AFP Philip Drost, que coordenou o relatório do PNUMA.

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Em 2017, as emissões de gases do efeito estufa voltaram a aumentar após três anos de relativa estabilidade. E 2018 deve experimentar a mesma tendência, com um aumento esperado das emissões do setor de energia (3/4 do total), alertou a Agência Internacional de Energia.

O cenário do PNUMA é mais desanimador do que no ano passado também porque as pesquisas mais recentes mostram que não será possível contar com uma implantação ampla e rápida de tecnologias de absorção de CO2. As emissões em 2017 atingiram um nível recorde de 53,5 gigatoneladas (Gt) de CO2, 0,7 bilhão a mais que em 2016, diz o PNUMA. E "nada diz que atingiram um pico - aquele ponto onde balançam, de uma alta para a queda".

Para manter um aumento de 2°C, seria necessário emitir um máximo de 40 Gt de CO2 em 2030 e 24 Gt para 1,5°C. Mas se os países mantiverem suas ações atuais, sem fortalecê-las, produzirão outros 59 Gt nesse prazo, aponta o relatório, síntese do conhecimento científico.

Segundo os autores, 49 países atingiram seu "pico" de emissões, mas representam apenas 36% das emissões globais. E, no total, apenas 57 Estados (60% das emissões) estariam no caminho certo para isso até 2030 - se as promessas de 2015 forem cumpridas.

- 'Como correr atrás de um ônibus' -

Mas há progressos, como o "boom" das energias renováveis, de eficiência energética, de ações de coletivos locais nos transportes; e o PNUMA destaca o dinamismo do setor privado e o potencial inexplorado da inovação e financiamento verde. Mas lutar contra a mudança climática hoje "é como correr atrás de um ônibus", explica Andrew Steer, presidente do think tank WRI.

"Estamos avançando cada vez mais rápido, estamos quebrando recordes, mas o ônibus está acelerando e a distância, aumentando".

De acordo com o relatório especial divulgado em outubro pelos especialistas em clima da ONU (IPCC), o mundo também deve visar o objetivo de 1,5°C e não apenas 2°C, se quiser evitar grandes impactos, ondas de calor, super-furacões ou calotas de gelo desestabilizadas.

Mas no estágio atual, caminhamos para +4°C em comparação com o nível pré-industrial, no final do século. O PNUMA insiste na necessidade de um impulso a nível nacional e o papel dos governos, por exemplo, por meio de "uma política fiscal cuidadosamente projetada (...) para subsidiar soluções de baixo carbono e tributar combustíveis fósseis".

Muitos países do G20, em particular, não devem cumprir seus compromissos assumidos em Paris (UE, EUA, Austrália, Canadá...), de acordo com suas trajetórias atuais. China e Rússia devem chegar lá, mas suas ambições eram relativamente limitadas.

Na COP de Katowice, que começa no domingo, os Estados são convidados a responder ao relatório do IPCC e analisar a extensão de seu compromisso global. O acordo de Paris prevê uma revisão das contribuições nacionais para 2020.

"Os governos devem realmente retomar suas contribuições e elevar suas ambições", disse Drost, do PNUMA. "Há muito o que fazer, e devemos agir rapidamente - não em décadas, agora."

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