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[Crítica] - Sobrenatural: A Última Chave

Letícia Saturnino
Letícia Saturnino
Publicado em 18/01/2018 às 9:27
Lin Shaye como Elise Rainier (Universal Pictures/Divulgação)
Lin Shaye como Elise Rainier (Universal Pictures/Divulgação) FOTO: Lin Shaye como Elise Rainier (Universal Pictures/Divulgação)

Todo filme de terror que faz muito sucesso, acaba caindo na mesma maldição: suas continuações. O melhor de todos, O Exorcista (1973) gerou quatro filmes. Halloween foram 10, Sexta-Feira 13 foram 12, A Hora do Pesadelo ficou em 9, Resident Evil parou por enquanto no 6, Jogos Mortais no 7, Invocação do Mal no quarto (contando os dois spin-offs) e até Alien já tem 8 filmes. Hoje, chega aos cinemas o quarto capítulo de Sobrenatural.

E acredito que até para não confundir (ou afastar) o público, os produtores da Blumhouse Productions decidiram não numerar o novo filme - como aconteceu com os dois anteriores - e optaram por um subtítulo para identificar o novo longa. Sobrenatural: A Última Chave mantém o time que vem ganhando com Leigh Whannell como roteirista e Jason Blum, Oren Peli e James Wan como produtores. Mas o diretor é novo na franquia: Adam Robitel (A Possessão de Deborah Logan).

Aqui, depois do segundo parágrafo, é onde eu geralmente coloco o trailer do filme. Mas vou fazer um favor a vocês e não colocar o vídeo. Por dois motivos: primeiro, eu mesmo vi o filme sem ver os trailers e foi muito melhor, fiquei mais preso à trama (já que o trailer entrega bastante dela). Segundo, várias cenas que estão no trailer não estão no filme. Muitas mesmo. Então para não criar expectativas falsas, veja o trailer depois de ver o filme. De nada. 

Elise e Tucker (Universal Pictures/Divulgação)

ENREDO

No quarto Sobrenatural, que na verdade é o segundo na ordem cronológica - os dois primeiros se passam em 2010; o terceiro é uma prequel, que tem lugar em 2007 - e não só faz a ponte entre Sobrenatural: A Origem e os filmes anteriores, como fecha a história da verdadeira protagonista da série, a médium Elise Rainier, vivida por Lin Shaye. Ao mesmo tempo, A última chave tem um enredo fechado em si, e pode ser visto até por quem não tem familiaridade com a franquia.

Depois de relances em três filmes, finalmente mergulhamos na história de Elise, sua infância e como descobriu a sua mediunidade. O prólogo do longa se passa em 1953, e conhecemos Elise ainda criança, com sua mãe, irmão e pai morando no Novo México. O pai de Elise é policial, e a família mora no terreno do presídio local, onde frequentemente ocorrem execuções dos condenados à cadeira elétrica.  Por isso, a casa é infestada de aparições, que perturbam a sensibilidade aflorada de Elise, e não demoram a trazer a tragédia para a família.

Anos depois - depois inclusive do caso de Quinn Brenner - Elise, Specs (Leigh Whannell) e Tucker (Angus Sampson) já estão com sua empresa de investigação paranormal em plena atividade - ajudando pessoas a lidarem com seus ~fantasmas~. Até que Ted Garza (Kirk Acevedo, que há muito tempo não via e fiquei feliz de ver como amadureceu como ator) faz uma ligação para a médium com um pedido de socorro... vindo justamente da antiga casa dos Rainier.

A Imogen [spoiler] de Caitlin Gerard (Universal Pictures/Divulgação)

AQUI NÃO...

Não vou falar mal de Sobrenatural: A Última Chave aqui. Tem muita gente para fazer isso já (o filme está com 32% no Rotten Tomatoes). Vamos falar de coisa boa. Se você gosta de filmes de terror com assombrações, A última chave é bom. Não é genial, mas é honesto e entrega o que promete: bons sustos e ótimos monstros com ótimos designs. A marca registrada da série, a trilha sonora de violinos nervosos de Joseph Bishara também se faz presente nos melhores (ou piores) momentos.

Lin Shaye está ótima como sempre e mantém seu status de "scream queen". Centralizar o filme na sua personagem não só é uma bela homenagem dos produtores à veterana atriz, como é uma boa saída narrativa para fazer de A última chave o filme mais pessoal e relacionável de todos da série Sobrenatural. Eu particularmente gosto muito do trio Elise, Specs e Tucker e da dinâmica dos "heróis" do filme serem uma senhorinha e dois nerds.

Adam Robitel orienta Lin Shaye no set de Sobrenatural: A Última Chave (Universal Pictures/Divulgação)

O quarto filme ainda traz novos personagens interessantes, especialmente dentro da família Rainier, que podem até dar sequência à franquia, depois dos acontecimentos de Sobrenatural: Capítulo 2. Até a própria mitologia da série ganhou novos contornos com o filme, com alguns conceitos antigos sendo melhor explicados e novos sendo apresentados.

Sobrenatural é - e sempre será - um Invocação do Mal "série B". Mas mantendo a analogia do futebol, tem gente que até prefere o futebol ~de várzea, moleque, pés descalços~ das produções com baixo orçamento e muito coração como a entregue por Robitel, Wan, Blum, Peli, Bishara, Whannell, Shaye e equipe. Quem entra num cinema para ver a continuação de um filme de terror, já sabe o que vai encontrar. E com sorte, mesmo já esperando o susto vir, se surpreende.