O vinil em tempos de streaming

Romeu Leite Coutinho
Romeu Leite Coutinho
Publicado em 03/12/2014 às 16:49

(Foto: Free Images) (Foto: Free Images)

Fonógrafo, gramofone, vinil, fita cassete, CD e MP3, iPods e afins. A indústria fonográfica se adequou a vários formatos de armazenamento e reprodução de música com o passar dos anos e das gerações. E, quase sempre, o surgimento de um novo formato causou, automaticamente, a "aposentadoria" do anterior.

E isto aconteceu um tempo com os vinis. Mas não se sabe se é pelo fato de serem um registro físico ou porque remetem à memória afetiva de muitos, mas podemos dizer que estamos vivendo uma verdadeira volta dos discos. É tanto que eles podem ser encontrados em livrarias, em sebos dos centros da cidade e na internet, onde pessoas revendem usados e até alguns álbuns recém-lançados.

Para aqueles que querem voltar a ouvir seu som analógico, mas acabaram perdendo seus discos, estes são facilmente encontráveis em livrarias como a Cultura e a Saraiva. Percebendo o movimento do mercado neste sentido, algumas gravadoras investiram na versão de disco de obras mais recentes, como é o caso de Adele, com o "21", e Katy Perry com o "Teenage dream".

Fábio Cabral é dono de uma loja de CDs, DVDs e vinis em Casa Forte e vende, em média, 50 vinis, entre novos e usados, por mês. "Sou vendedor há seis anos, mais ou menos. De uns tempos para cá percebi um movimento tanto da indústria, em voltar a produzir os vinis, quanto das pessoas, em virem comprar", diz.

Segundo ele, o público é cada vez mais jovem. "São pessoas que não viveram a época do vinil e estão comprando, comigo, os seus primeiros", completa. É através de trocas, compras e doações que ele alimenta o seu estoque de discos. Os usados variam de R$ 3 a R$ 10. Já os novos, de R$ 60 a R$100. "As gravadoras voltaram a produzir os vinis, mas como é algo em pequena escala, isto acaba encarecendo o produto", explica.

Outra opção para quem procura os grandes clássicos é o sebo do Centro do Recife, onde se pode encontrar discos em bom estado e por um preço também em conta.

Assim como os discos, as vitrolas também estão em alta. Algumas marcas, inclusive, investem na multifuncionalidade: são toca-discos que também possuem rádio e entrada USB. Em sites de comércio eletrônico, é possível encontrar vitrolas em valores que variam de R$ 70 a R$ 18.500.

Paixão de colecionadores não é recente

(Foto: Higgo Braga/Cortesia) (Foto: Higgo Braga/Cortesia)

Foi em meados dos anos 80 que os CDs viraram uma febre, preenchendo as prateleiras de lojas e o espaço na vida das pessoas também. E foi mais ou menos nesta época que o bancário Higgo Braga, de 31 anos, deixou de ouvir seus vinis e passou a comprar apenas CDs.

Tantos anos depois, Higgo resolveu comprar uma vitrola e iniciar uma nova coleção de discos. "Na época nós trocamos a vitrola por um aparelho que tocava CD, mais moderno. Sem arrependimentos, pelo menos naquela época (risos)", conta.

Para ele, o diferencial do vinil está no cuidado com a arte impressa, com encartes bem elaborados. "É para quem gosta de guardar recordações físicas. Além disso, resgata o saudosismo de uma época boa, com uma ótima qualidade sonora, mais natural. O CD vulgarizou-se e o vinil se sofisticou", acrescenta.

Assim como Higgo, o supervisor administrativo Weliton Brito, de 49 anos, sempre foi um grande fã da música. Além de uma coleção de CDs, ele também conseguiu uma considerável quantidade de vinis, entre os que tinha guardado e os que ganhou de amigos.

"Sempre gostei de guardar as boas músicas. Então, quando tive oportunidade, comprei uma vitrola e voltei a colecionar os vinis. Já faz um bom tempo. Muitas pessoas que já não ouviam, me deram os seus", disse.

Formas de armazenar músicas ao longo do tempo

(Foto: Reprodução/Internet) (Foto: Reprodução/Internet)

Fonógrafo (1877) - Aparelho capaz de gravar e reproduzir sons através de um cilindro, o fonógrafo foi inventado por Thomas Edison (aquele mesmo cientista que inventou a lâmpada incandescente). Nele, a captação das vibrações sonoras era feita através de um bocal acoplado e um diafragma que as convertia em impulsos mecânicos.

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Gramofone (1881) - Com 10 polegadas de diâmetro, o primeiro disco de corte lateral foi criado por Émile Berliner. Fabricado com cera, vinil, cobre e goma laca, os discos foram utilizado ao longo de várias décadas, em aparelhos como o grafofone, o gramofone, a vitrola e, posteriormente, o toca-discos elétrico. Devido a sua maior resistência e capacidade para as gravações, o aparelho fez sucesso e foi usado por músicos para gravar e reproduzir suas composições.

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Disco de vinil (1948) - Substituindo a goma-laca, material de fabricação dos discos até então, a companhia Columbia introduziu o disco de longa duração (LP), com capacidade de 23 minutos de gravação para cada lado, que revolucionou a indústria fonográfica. Além de conseguir gravar mais tempo de música, o disco era produzido com material plástico, leve e flexível.

(Foto: Reprodução/Internet) (Foto: Reprodução/Internet)

Fita cassete (1963) - Evolução do cartucho 8-track, a fita K7 veio com a vantagem de serem menores. Por conta da baixa qualidade sonora, era utilizada apenas para a gravação de conversas, mas ganharam enorme popularidade após o reparo das falhas mecânicas.Teve seu auge entre as décadas de 70 e 90.

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Compact Disc (CD) (1982) - Ainda muito presente até para as mais novas gerações, o CD foi desenvolvido para armazenar e reproduzir arquivos de áudio. A mídia foi inspiração para o desenvolvimento de DVDs e discos de Blu-ray.

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MP3 Player (1998) - Música na palma da mão e da mochila/bolso. O MP3 Player foi criado pela empresa coreana Saehan e deixou para trás todos os outros aparelhos anteriores pelo seu tamanho e sua praticidade. O primeiro aparelho lançado tinha menos de 32 MB de memória.