Recife é a que mais cresce entre as cidades empreendedoras, mas investimento é baixo


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Recife é a que mais cresce entre as cidades empreendedoras, mas investimento é baixo

Letícia Saturnino
Publicado em 26/11/2014 às 14:42


Estudando do Recife assiste competição de robôs: cidade também carece de mão de obra. (Divulgação/PCR).

Dados são do Índice das Cidades Empreendedoras (ICE), da Endeavor Brasil, que saiu esta semana

Saiu o novo índice das Cidades Empreendedoras (ICE). O estudo feito pela Endeavor Brasil analisou o ambiente empreendedor de 14 capitais brasileiras. Quem lidera é Florianópolis (SC). Recife, famosa pelo Porto Digital e destacada pelo ambiente empreendedor ficou no 12º lugar. No entanto, o relatório chamou atenção pelo baixo investimento do Estado em inovação.

O objetivo do estudo é "aprimorar o debate sobre o fomento ao empreendedorismo no Brasil", segundo Juliano Seabra, diretor geral da Endeavor. Diversos indicadores foram avaliados, divididos em sete pilares: ambiente regulatório, acesso a capital, mercado, inovação, infraestrutura, capital humano e cultura empreendedora.

Recife aparece em 12º lugar, à frente apenas de Fortaleza e Salvador. No entanto, a capital pernambucana é a que mais cresce entre todas as cidades analisadas, com um crescimento médio real de 6,04%. Além disso a cidade tem uma cultura favorável ao empreendedorismo com diversas organizações presentes.

Recife foi lembrada pelo bom ambiente empreendedor. (Foto: Edgar Melo/JC Imagem).

A Endeavor ainda cita o fato de Recife ter o maior parque tecnológico do País, o Porto Digital, com mais de 250 empresas instaladas.

Um deles é o baixo investimento do Governo do Estado em inovação, com 0,77% do orçamento destinado à promoção de ciência e tecnologia, a mais baixa taxa entre todas as capitais. Falta também qualificação, com apenas 17% da população com ensino superior. Ainda são citados como problemas a baixa qualidade na graduação, com baixas notas no ENADE e burocracia local para abrir empresas.

Outro lado

Procurada pelo NE10, a Secretaria de Tecnologia e Inovação do Estado de Pernambuco disse que desconhece as metodologias usadas pela Endeavour para informar os 0,77% do orçamento. "Esse dado não leva em conta os R$ 531 milhões do orçamento da Universidade de Pernambuco (UPE), na qual o estado investe em formação de profissionais qualificados, em pesquisa e inovação científica e tecnológica", disse a pasta em nota enviada ao blog. "O ambiente para inovação em Pernambuco se tornou ainda mais favorável desde o final de 2013, quando o então governador Eduardo Campos sancionou a Emenda que alterou o artigo 128 da constituição estadual e passou a permitir a vinculação da receita de impostos para o fomento à pesquisa, a exemplo do que ocorre em quase todos os estados brasileiros."

"Considerando apenas o orçamento executado pela Sectec até este momento, o estado de Pernambuco investiu R$ 96.458.291,16. Este valor inclui pouco mais de R$ 14 milhões para o Instituto Tecnológico de PE e mais R$ 19 milhões /ano referentes ao contrato de gestão com o Porto Digital." Veja ao final do post a nota completa. Além disso a secretaria afirmou que a falta de mão de obra qualificada, um dos desafios de Pernambuco, não se resolve da noite para o dia. "A Sectec vem contribuindo significativamente para mudar essa situação por meio do Programa Universidade para Todos, o Proupe".

O segredo de Florianópolis

O segredo da liderança de Florianópolis está no planejamento da capital catarinense. "Há 30 anos, a cidade possuía poucas empresas e o estudo mostra que os investimentos em educação e inovação, que começaram com a criação da Universidade Federal de Santa Catarina, trouxeram resultados concretos no longo prazo. O desafio de Florianópolis é oposto ao da segunda colocada, São Paulo: garantir para as empresas locais um grande mercado consumidor", disse Seabra. Veja o estudo completo.

A íntegra da nota da Secretaria:

Antes de iniciar a resposta praticamente dita, é bom ressaltar que a equipe da Secretaria de Ciência e Tecnologia desconhece os detalhes da pesquisa da empresa, assim como os métodos utilizados para alcançar seus resultados e conclusões.

Entretanto, nos chama a atenção o dado destacado: segundo a pesquisa, o estado de Pernambuco destina apenas 0,77% do seu orçamento para inovação, ciência e tecnologia. Esse dado não leva em conta os R$ 531 milhões do orçamento da Universidade de Pernambuco (UPE), na qual o estado investe em formação de profissionais qualificados, em pesquisa e inovação científica e tecnológica.

O ambiente para inovação em Pernambuco se tornou ainda mais favorável desde o final de 2013, quando o então governador Eduardo Campos sancionou a Emenda que alterou o artigo 128 da constituição estadual e passou a permitir a vinculação da receita de impostos para o fomento à pesquisa, a exemplo do que ocorre em quase todos os estados brasileiros.

A alteração da constituição estadual garantiu ainda mais recursos para a inovação, a pesquisa e o desenvolvimento, pois destinou 0,5% do orçamento de receitas de impostos exclusivamente para a Facepe (Fundação de Amparo à Ciência de PE). Quando o ano de 2014 tiver chegado ao final, a Facepe irá investir o valor recorde de R$ 55 milhões, alcançando 100% do limite constitucional.

Considerando apenas o orçamento executado pela Sectec até este momento, o estado de Pernambuco investiu R$ 96.458.291,16. Este valor inclui pouco mais de R$ 14 milhões para o Instituto Tecnológico de PE e mais R$ 19 milhões /ano referentes ao contrato de gestão com o Porto Digital.

Pelo que parte da mídia pernambucana divulgou, a pesquisa Endeavor conclui que um dos obstáculos para inovação em Pernambuco é a falta de profissionais qualificados.

Essa realidade não se muda da noite para o dia, mas a Sectec vem contribuindo significativamente para mudar essa situação por meio do Programa Universidade para Todos, o Proupe. Esse programa faz parte da estratégia de Pernambuco de interiorizar o Ensino Superior como política de desenvolvimento regional.

O Proupe concede 12 mil bolsas de estudos para estudantes de 13 autarquias municipais de ensino superior, priorizando alunos de matemática, física, química. Ao priorizar essas disciplinas, a Sectec investe na formação de professores das áreas do conhecimento que são fundamentais para o ensino tecnológico e para a inovação. O programa hoje conta com recursos de R$ 21 milhões anuais.

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