
Quem é acostumado a fazer compras no Centro do Recife, certamente deve conhecer a Rua da Concórdia, um lugar definitivo na cidade para produtos de eletroeletrônica e, nos últimos anos, também para artigos musicais como baterias, guitarras e equipamentos de som. "Sou adepto das gambiarras, e por isso a Concórdia é o lugar perfeito pra mim", diz o funcionário público Raphael Santos.
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Além de uma infinidade de cabos e equipamentos, a rua ainda concentra produtos como televisores, máquinas e lavar e microondas, vendidos por grandes cadeias de lojas que se aproveitaram da vocação da região. "É bom saber que existe um lugar para comprar coisas tão específicas, o que seria difícil, ou muito caro, em outros locais", diz Santos. "Você também pode usar a criatividade para criar coisas, usando os materiais que vendem por lá". Para Eloísa Andrade, empresária, a rua lembra outros tempos, em que tudo era possível encontrar pelo Centro. "Poderia comprar tudo pela web, mas prefiro bater perna e barganhar".
"Concentrar tudo no mesmo local é algo que vale muito a pena, tanto para o cliente quanto para o comerciante. Traz facilidades e estimula o consumo", diz Fernando Martins, gerente de relacionamento e tecnologia da Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL), no Recife. "Tudo foi organizado ali de forma muito espontânea, mas hoje, claramente a rua se mostra uma oportunidade de negócio para quem trabalha com eletrônicos e equipamentos musicais". A movimentação é tão intensa que expandiu as atividades para ruas vizinhas, como a Rua do Herval e a Tobias Barreto.
Uma das lojas mais antigas, a Bartô Eletrônica, acaba de completar quarenta anos na Concórdia. Ele é a memória viva para conhecer as transformações pelas quais a Concordia passou. "Aqui é um lugar frequentado por todas as classes sociais", diz. "Antes, era uma rua mais variada, com diferentes tipos de comércio. Com o tempo, foi se criando um bloco de lojas voltados para eletrônica, e começou a atrair outros. Era um local muito promissor e praticamente formado por pequenos comerciantes", lembra o Seu Bartolomeu (ele recusa-se a dizer o sobrenome ou a idade, dizendo que todos o conhecem pelo apelido que o fez famoso).
Hoje, a rua tem voltado para os primórdios, com a diversificação de tipos de comércio. "Antes, não tinham tantas lojas grandes, que vendem todo tipo de coisa", diz Seu Bartô. "Aqui, a concorrência é estimulante e bom para os negócios. O que atrapalha é a dificuldade em estacionar e os buracos". O que mais vende na Concórdia hoje são as antenas e aparelhos musicais. "Nunca vi tanta gente gostando de música como os últimos anos".
História
Situada no Bairro de São José, a Concórdia foi batizada após uma disputa entre dois moradores, que disputavam batizar a rua com seus nomes. Segundo dados da Fundação Joaquim Nabuco, o presidente do Conselho Municipal da época leu um poema de sua autoria, denominado "A concórdia", e resolveu o impasse. Já em relação ao comércio, desde o final dos anos 1960, já existem registros da vocação para a eletroeletrônica que a Concórdia tomaria.
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