O Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) não é apenas um teste de conhecimento, mas de consciência social. Por isso, dominar as atualidades é, na verdade, uma ferramenta estratégica para garantir o ingresso no Ensino Superior

Dominar os temas contemporâneos – da política e economia global às questões sociais e ambientais no Brasil – é o que permite ao candidato decifrar os enunciados mais difíceis nas provas objetivas

Muitas questões de Ciências Humanas só podem ser respondidas com um olhar atento para os eventos recentes e seus antecedentes. Atualidades não é uma disciplina à parte; é a lente através da qual você enxerga toda a prova

De acordo com o professor de Geografia Carlos Lima, do Colégio GGE, o estudante deve estar atento a atualidades, pois elas estão na base da maioria das questões Geografia, além de outras de Ciências Humanas

"Na prova são avaliadas as competências interpretativas e críticas, não somente a memorização. O estudante precisa relacionar o conteúdo escolar à realidade, entender como conceitos como globalização, território, cidadania ou sustentabilidade aparecem em problemas concretos do Brasil e do mundo", ressalta

Carlos também afirma que há nuances claras na forma como cada disciplina trabalha atualidades no Enem. "Por exemplo, Geografia foca nas transformações territoriais, econômicas e ambientais, já a história contextualiza os fatos atuais à luz de processos históricos"

"A Sociologia analisa mudanças sociais, comportamento, desigualdades e tecnologia e por fim a Filosofia discute ética, política e epistemologia em temas atuais. A interdisciplinaridade é central nas questões", complementa

Para ele, o erro mais comum é a memorização dos fatos, mas não relacioná-los a conceitos. "Por exemplo, saber que ‘há uma guerra na Ucrânia’ é pouco útil se o estudante não entende os interesses geopolíticos envolvidos", explica

O professor destaca os grandes eixos temáticos recorrentes que ligam o noticiário recente ao conteúdo das Ciências Humanas no Enem: Meio ambiente e sustentabilidade; Tecnologia e sociedade; Desigualdade e exclusão social; Geopolítica e conflitos internacionais; e Cultura e identidade

Entre os temas com maior potencial para serem cobrados ou contextualizados nas questões, Carlos elenca: Mudanças climáticas extremas e políticas ambientais globais (COP30, Amazônia, transição energética); conflitos e geopolítica (Ucrânia, Oriente Médio, disputa China–EUA, refugiados); eleições e democracia (uso ético das redes, polarização política);

Inteligência artificial e trabalho (impactos no emprego e na educação); questões urbanas e habitação (enchentes, desigualdade, mobilidade); movimentos identitários e direitos humanos; e economia verde e sustentabilidade (bioeconomia, ESG, energia limpa)

Ele destaca que questões com temas ambientais, tecnológicos e sociais aumentaram significativamente desde 2020

O professor também recomenda o consumo de podcasts e documentários para o estudante ficar a par das atualidades. E diz que eles também ajudam a relaxar

Carlos reforça que o Enem não avalia apenas o "saber factual" ou a "decoreba" , mas a capacidade de interpretar o presente à luz do passado e da teoria. "A avaliação privilegia a interpretação de processos, e não respostas decoradas, mas exige pensamento crítico e contextualizado", finaliza