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Burrinha Manhosa: leitura na folia da garotada

Betânia Santana
Betânia Santana
Publicado em 13/02/2019 às 17:57
A Burrinha Manhosa faz a festa da criançada em roda de contação de histórias com a escritora Socorro Miranda (Foto: Divulgação)
A Burrinha Manhosa faz a festa da criançada em roda de contação de histórias com a escritora Socorro Miranda (Foto: Divulgação) FOTO: A Burrinha Manhosa faz a festa da criançada em roda de contação de histórias com a escritora Socorro Miranda (Foto: Divulgação)

A Burrinha Manhosa faz a festa da criançada em roda de contação de histórias com a escritora Socorro Miranda (Foto: Divulgação)

A troça já nem existe mais. Desfilou pela última vez no Carnaval de 2013. Mas sua história acabou perpetuada no livro Burrinha Manhosa. Com um texto leve, sem deixar de apontar problemas sociais, a escritora Socorro Miranda narra as dificuldades de Zequinha para comprar sua fantasia. O pequeno engraxate junta todos os trocados apurados no trabalho de um dia para se entregar à festa de Momo.

O trajeto do garoto até descobrir onde encontrar a espontaneidade carnavalesca é conduzido pela escritora pernambucana e pelos traços encantadores do ilustrador Andre Neves, também pernambucano. Entre trio elétrico e La Ursa, maracatu, bumba-meu-boi e bonecos gigantes, Zequinha revela a riqueza espalhada pelas ladeiras de Olinda e realiza seu sonho no meio da folia.

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Na realidade, a troça Burrinha Manhosa, criada pela escritora, nasceu em 1994 inspirada nos filhos (João e Juliana) ainda crianças, e no estímulo do pai, João Miranda, que ajudou a despertar o prazer pela cultura popular. "Antes brincávamos como se fôssemos uma La Ursa pelo bairro de Jardim Atlântico, pedindo dinheiro e comprando picolé depois para as crianças que participavam", relembra a caruarense apaixonada por Olinda.

Em 1997, a troça desfilou pela primeira vez no Sítio Histórico. Já tinha estandarte confeccionado pelas bordadeiras do Clube Lenhadores de Olinda, hino com letra de Socorro Miranda e arranjos do também escritor e cantor José Airton e interpretado por Silvério Pessoa no CD Frevo ação. Depois de dez anos, a Burrinha parou de desfilar. Um pouco por falta de apoio do poder público, outro tanto pela nova fase na vida da sua criadora. "Não gosto dos excessos nem da falta de respeito durante o Carnaval, mas considero um movimento cultural forte, de raiz, e dou a maior força a quem gosta."

A Burrinha, editada pela Bagaço em 1996, sobrevive hoje em forma de leitura e contação de histórias em salas de aula, feiras de livro e outros eventos. Pode ser encontrada entre as milhares de publicações disponíveis na Biblioteca Pública do Estado, em Santo Amaro, pertinho do Parque 13 de Maio, na área central do Recife.