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Dia da Consciência Negra: centro cultural resgata autoestima de comunidade quilombola

Amanda Tavares
Amanda Tavares
Publicado em 19/11/2016 às 16:21
Espaço Cultural Grupo Bongar. Foto: Diego Nigro
Espaço Cultural Grupo Bongar. Foto: Diego Nigro FOTO: Espaço Cultural Grupo Bongar. Foto: Diego Nigro

Por Amanda Tavares

Em fevereiro deste ano a comunidade quilombola Xambá, em Olinda, Região Metropolitana do Recife, ganhou um espaço onde a história e a cultura afro-brasileira são prioridades. A inauguração do Centro Cultural Grupo Bongar foi uma grande conquista dos integrantes do terreiro, que agora contam com mais oportunidades de mostrar as origens do povo negro por meio de atividades como música, dança, teatro, palestras e oficinas. Entre essas ações, muitas são voltadas para as crianças da comunidade, frequentadoras ou não do terreiro.

Desde pequenos, meninos e meninas são ensinados sobre cultura afro-brasileira. Foto: Diego Nigro Desde pequenos, meninos e meninas são ensinados sobre cultura afro-brasileira. Foto: Diego Nigro

Adepta do candomblé e integrante do Xambá, Tamiris Vitória, 9 anos, participa das oficinas de dança, capoeira, artesanato e percussão. “É muito legal. Tenho muitos amigos e o grupo é unido”, resume. Adeildo Paraíso, 12, também frequentador de várias atividades promovidas pelo centro cultural, diz que, além da diversidade de oficinas e eventos, o que mais o agrada é a união do grupo. “Somos uma família. E todos são muito unidos e animados. Gosto demais de estar no Bongar, onde vivemos momentos de aprendizado, brincadeiras e também nos emocionamos em vários momentos. Além disso, temos a oportunidade de nos apresentar em outros Estados brasileiros”, orgulha-se.

A coordenadora Marileide Alves explica que, com a realização das oficinas, se combate o racismo, o preconceito e a intolerância religiosa. “As oficinas e as outras atividades do centro cultural têm o objetivo de fazer com que as crianças possam compreender a necessidade de se autoafirmarem, de cantarem a ‘sua’ música, de viverem a religiosidade sem vergonha, sem medo”, salienta. Mais do que aprender a tocar, meninos e meninas conhecem a história do instrumentos, a influência das matrizes africanas na música brasileira, na gastronomia, no vestuário, na literatura e em muitas outras áreas. “Agimos dessa forma para que se apropriem e tenham orgulho da história dos seus ancestrais”, argumenta.

 

 

Coordenador pedagógico do Grupo Bongar, o músico Guitinho de Xambá afirma que a Orquestra Bongar tem como objetivo formar músicos e também ativistas sociais que saibam respeitar as diferentes culturas. “Temos a missão de levar ao público uma música afro-brasileira que mostra a capacidade de integrar as pessoas e tornar a sociedade mais justa. Nosso foco é a música da periferia, dos terreiros de candomblé. Por isso, quase todas as crianças daqui têm uma ligação forte com o terreiro de Xambá”, comenta.