Circula no Whatsapp uma imagem que acusa a candidata ao Governo de Pernambuco Marília Arraes (Solidariedade) de ter votado a favor do aborto. O texto presente também diz que a candidata ao Senado Teresa Leitão (PT) votou a favor do uso de respiradores testados em porcos para serem usados em pessoas com Covid-19.
Onde foi publicado e alcance
A imagem circula em grupos do Whatsapp.
Como verificamos
O Confere.ai entrou em contato com a assessoria da candidata a senadora Teresa Leitão, analisou as informações divulgadas pelo Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco (TCE-PE) e recorreu a matérias publicadas pelo Jornal do Commercio, G1 e pelo Jornal de Brasília para apurar os fatos.
O Confere.ai já havia entrado em contato com a assessoria de Marília Arraes, que desmentiu a fake news sobre aborto.
O que diz o autor da publicação
O Whatsapp possui um sistema de segurança que criptografa as mensagens. Por este motivo o Confere.ai não identificou o autor da imagem.
Conclusão
Após a checagem, o Confere.ai chegou à conclusão de que a imagem possui informações falsas. A candidata Marília Arraes não votou a favor do aborto, e Teresa Leitão não participou de nenhuma votação envolvendo respiradores testados em porcos.
Para o Confere.ai, falso é o conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma falsidade.
CONFERE AI: Fake news envolve as candidatas Marília Arraes e Teresa Leitão
Checagem
Uma montagem com as fotos da candidata ao Governo de Pernambuco Marília Arraes (Solidariedade) e da candidata ao Senado Teresa Leitão (PT) circula em grupos de Whatsapp.
Um texto presente na imagem acusa Marília Arraes de votar a favor do aborto, e Teresa Leitão de ter votado a favor do uso de respiradores que teriam sido testados em porcos antes de serem utilizado por pessoas diagnosticadas com Covid-19.
Em agosto de 2022, o Confere.ai esclareceu uma fake news envolvendo o nome de Marília Arraes em relação ao aborto. O tema tem perseguido a candidata do Solidariedade após uma entrevista cedida ao Poder 360 em setembro de 2019.
Marília respondeu perguntas sobre temas considerados polêmicos, entre eles a flexibilização das leis sobre aborto no Brasil.
Em resposta ao jornalista Eduardo Meirelles do Poder 360, a candidata afirmou que “ninguém é a favor do aborto. É importante dizer isso. Ninguém quer que uma mulher precise fazer aborto".
"O que a gente não quer é que as mulheres não morram por fazer”. Marília ainda afirmou que o aborto sempre existiu e que, por vezes, é condenado".
“O aborto é uma das maiores causas de morte materna no Brasil e que mulheres pobres morrem por não ter acesso ao aborto seguro. Então, sem dúvida alguma, sou a favor da flexibilização (das leis sobre aborto)”, concluiu Marília na entrevista.
Em maio deste ano Marília Arraes rebateu as acusações através de um vídeo. “Vocês viram a campanha baixa de agressões e difamação que eu sofri em 2020. Atacaram a minha fé, atacaram a minha honestidade, atacaram a minha imagem enquanto mulher e mãe de família. Editaram um vídeo pra dizer que eu era a favor do aborto quando, na verdade, sou contra”.
Teresa Leitão não estava envolvida no caso dos respiradores de porcos
Em abril de 2021, a Primeira Câmara do Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco (TCE-PE) julgou como regular e com ressalvas o processo que investigou a aquisição de 500 ventiladores pulmonares pela Secretaria de Saúde do Recife (Sesau).
A compra foi feita à empresária Juvanete Barreto Freire em 2020.
O caso ficou conhecido como "Operação Apneia” e ganhou grande repercussão na época, uma vez que os aparelhos solicitados pela Prefeitura do Recife só haviam sido testados em porcos. A investigação foi feita pela Polícia Federal.
Além de Juvanete Barreto Freire, foram investigados o ex-secretário de Saúde do Recife, Jaílson Correia, o ex-diretor executivo de administração e finanças da Secretaria de Saúde, Felipe Soares Bittencourt, a ex-gerente de conservação de rede da Secretaria de Saúde, Mariah Simões da Mota Loureiro Amorim Bravo e os empresários Juarez Freire da Silva e Adriano César de Lima Cabral.
A candidata à senadora Teresa Leitão não esteve presente no caso e não foi investigada.
Ao Confere.ai, a assessoria de Teresa Leitão informou que “a deputada estadual Teresa Leitão destinou mais de R$ 800 mil em emenda parlamentar. Nenhum centavo desses recursos foi usado para comprar os tais ‘respiradores de porcos’’’.
A Assembleia Legislativa de Pernambuco, da qual Teresa Leitão era integrante como deputada estadual no ano de 2020 não debateu, votou ou autorizou a compra dos tais respiradores de porcos.
Andamento do processo e decisão do TCE
Em relação à compra dos respiradores, na época, o tribunal informou que apenas 50 dos 500 respiradores foram entregues.
A Corte avaliou a dispensa de licitação de nº 108/2020, de 04/04/2020, que correspondia à compra de 200 ventiladores pulmonares, com acréscimo de mais 100 por termo aditivo, totalizando R$ 6.450.000,00.
Outra dispensa analisada foi a de nº 129 /2020, de 14/04/2020, que solicitava mais 200 equipamentos por R$ 5.100.000,00.
Para julgar o caso, os conselheiros revisaram relatórios emitidos pelo próprio TCE e pela Representação Interna do Ministério Público de Contas (MPCO). O relatório da equipe técnica apontou alguns indícios de irregularidades.
Entre eles a “falta de habilitação jurídica, qualificação técnica e econômico-financeira, inaptidão da empresa para o desempenho da atividade pertinente e compatível em características, quantidades e prazos com o objeto da licitação, bem como a inadequação e a indisponibilidade de pessoal técnico para a realização do referido objeto".
A decisão do TCE foi o pagamento de uma multa de R$ 8.803,50 por parte de Mariah Simões da Mota Loureiro Amorim Bravo, que confirmou o recebimento dos respiradores mesmo não sendo entregues à Secretaria de Saúde.
Além disso, o contrato com a empresa foi rompido, o dinheiro retornou para a prefeitura e os equipamentos para a empresa.
Em 24 de maio de 2021, o Ministério Público Federal (MPF) denunciou os envolvidos, que responderam pelo crime de dispensa indevida de licitação.