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Faça login ou cadastre-seTemos um grave problema: a saúde pública brasileira sofreu um desmantelo. Foi com essa frase que o psiquiatra Antônio Geraldo da Silva, presidente eleito da Associação Psiquiátrica da América Latina, começou a opinar sobre a política nacional de saúde mental, em entrevista ontem à TV JC.
Para ele, o acesso a um atendimento psiquiátrico de qualidade praticamente não existe em alguns lugares do País. E lamentavelmente o preconceito contra as pessoas que convivem com transtorno mental, como depressão e esquizofrenia, ainda perdura, inclusive na rede pública de assistência à saúde.
“Precisamos acompanhar as pessoas sem quebrar a rede social da qual elas fazem parte. É preciso atendê-las no bairro onde vivem. O que é mais simples para isso? Colocar uma equipe de saúde mental (psicólogo, psiquiatra e assistente social) nos postos de saúde. Por que alimentar a psicofobia (atitudes discriminatórias contra pessoas com transtornos mentais) ao criar um serviço específico, que são os Caps (Centros de Atenção Psicossocial), para esse paciente?”, questiona Antônio Geraldo.
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O médico, que está no Recife para ministrar um curso na sede da Sociedade Pernambucana de Psiquiatria (SPP), levou adiante uma campanha que ganhou as redes sociais, enquanto esteve à frente da Associação Brasileira de Psiquiatria (2010-2016), com a hashtag #PsicofobiaÉumCrime.
A mobilização deixou raízes, e os psiquiatras continuam trabalhando para acabar com o estigma nesta época em que os transtornos desse tipo só fazem aumentar. Um exemplo é a ascensão dos casos de depressão: aumentou 18% de 2005 a 2015, quando chegou a um universo de 322 milhões de pessoas no mundo, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS).
E nesse cenário, a falta de informação e o estigma prolongam a dor de milhões de pessoas. “Os distúrbios mentais são como qualquer outra doença. A depressão e a fobia social, por exemplo, são doenças como qualquer outra, mas não são vistas dessa maneira”, frisa Antônio Geraldo, que reforça a importância de se ampliar o acesso ao atendimento aos pacientes. “Por que a pessoa com transtorno mental não pode simplesmente ir a um posto de saúde e ser atendido como quem tem problema ginecológico, pneumonia e amigdalite?”, levanta a questão. Em Pernambuco, ele destaca a parceria com a SPP para se ampliar o acesso ao tratamento de qualidade.
“No sistema privado, temos condições de prescrever o melhor medicamento e encaminhar para o melhor tipo de psicoterapia. No público, não. Quem perde é o paciente. Queremos, então, fazer um bom trabalho (também) na rede pública”, frisa o psiquiatra.