Cerca de 70% dos recifenses nunca fizeram exame para detecção da diabetes. É o que mostra uma pesquisa conduzida pela Sociedade Brasileira de Retina e Vítreo (SBRV), em parceria com a farmacêutica Bayer, que analisou o grau de percepção da população com relação às complicações oculares causadas pela doença. A pesquisa foi feita em Belo Horizonte, Curitiba, Rio de Janeiro, Recife, Porto Alegre, São Paulo, Brasília e Salvador. Participaram do levantamento quatro mil pessoas.
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Entre os entrevistados no Recife que relatam não ter diabetes ou não possuem ninguém na família com a doença, 39% desconhecem a relação entre a enfermidade e a perda da visão. Já entre as pessoas com diabetes ou que têm parentes com a doença, mesmo sendo a perda da visão uma das complicações mais temidas (30%), 94% nunca ouviram falar de retinopatia diabética e edema macular diabético, principais complicações oculares da diabetes.
O edema macular diabético (EDM) é uma complicação da diabetes, assim como a retinopatia diabética - e ambos são causados pelo aumento de açúcar no sangue, levando a alterações nos vasos sanguíneos de todo o corpo, incluindo os vasos do olho, especificamente da parte posterior do olho chamada de retina e de sua porção central denominada mácula.
No caso do edema macular diabético, existe um vazamento de fluído dentro da mácula, região central da retina que dá nitidez e foco às imagens. A presença de fluído causa perda severa de visão e pode levar à perda da visão central. Os principais sintomas do edema macular diabético são manchas na visão, distorção de imagens, fotofobia, diminuição do contraste e visão de cores, além de alterações no campo de visão.
"Em relação a diabetes, já se observa níveis de epidemia no Brasil. À medida em que esses números aumentam, proporcionalmente cresce o número de indivíduos que correm o risco de desenvolver essas complicações oculares”, afirma o médico endocrinologista Luiz Turatti, presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes. São 14 milhões de brasileiros que têm a doença. E no mundo, 415 milhões de pessoas convivem com diabetes.
EXAME DE FUNDO DE OLHO
Outro aspecto apontado pela pesquisa é que, entre os entrevistados que possuem a doença ou têm algum caso na família, 22% afirmaram que seus endocrinologistas nunca pediram exame de fundo de olho, fundamental para o diagnóstico precoce da complicação ocular, e cerca de 6% nunca passaram por uma consulta com um oftalmologista durante o tratamento.
Entre os entrevistados no Recife que não têm diabetes ou não possuem ninguém na família com a doença, 39% desconhecem a relação entre a enfermidade e a comprometimento da visão (Foto: Free Images)
Neste ano, o Dia Mundial da Diabetes (14 de novembro) tem como tema central Os olhos na diabetes. Cerca de um terço das pessoas com diabetes desenvolvem algum grau de dano ocular, segundo a Federação Internacional de Diabetes (IDF, na sigla em inglês). Sem o tratamento adequado, esses pacientes têm a visão comprometida.
Atualmente, o edema macular diabético é uma das razões mais frequentes de perda severa da visão na população em idade ativa, o que impacta ainda mais na sociedade como um todo, aumentando os custos sociais e econômicos tanto nas famílias como em todo o país.
"O diagnóstico precoce do edema macular diabético permite que, em alguns casos, a visão do paciente seja recuperada, impactando positivamente na sua vida social, pois permite a retomada das atividades rotineiras e devolve sua produtividade”, afirma o oftalmologista Arnaldo Furman Bordon, membro da Sociedade Brasileira de Retina e Vítreo e diretor do Setor de Saúde Ocular da Sociedade Brasileira de Diabetes.
Nova medicação para o edema macular diabético
No último mês, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou uma nova terapia para o edema macular diabético, através da inibição da formação de novos vasos na retina, além de atuar na inflamação causada pela doença. O aflibercepte, da Bayer, é um antiangiogênico, ministrado por injeção intravítrea (dentro do olho), que apresenta mecanismo de ação exclusivo permitindo uma duração de atividade dentro do olho maior que a dos outros medicamentos, além de permitir a extensão do tratamento de acordo com os resultados visuais e anatômicos de cada paciente.
Os estudos realizados com aflibercepte, em edema macular diabético, mostram resultados de ganho de visão já com a primeira injeção do medicamento - e esse ganho de visão é mantido por até três anos dos estudos.
O aflibercepte também é aprovado pela Anvisa para o tratamento de outras quatro doenças vasculares da retina: degeneração macular relacionada à idade (DMRI) forma úmida, oclusão venosa da retina (nas suas duas formas de apresentação: oclusão da veia central da retina - OVCR - e oclusão de ramo da veia retiniana - ORVR) e neovascularização coroidal miópica (NVCm).