A cada Outubro Rosa, movimento que conscientiza sobre câncer de mama, é formada uma corrente multiplicadora de mensagens que alertam sobre a importância da realização de exames de rotina, do acesso ao diagnóstico e do tratamento com qualidade. Por outro lado, lamentavelmente, surgem boatos que podem atrapalhar a disseminação de informações corretas sobre um tipo de câncer que mata 13 mil mulheres anualmente no País, segundo o Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca). Recentemente, circulou em redes sociais um vídeo que faz relação entre a realização da mamografia e o aumento de casos de câncer de tireoide.
"Não há evidências científicas de câncer causado pela mamografia. O exame, que não é cancerígeno, é o melhor para o rastreamento do tumor que mais mata mulheres o ano inteiro em todo o planeta", esclarece a mastologista Denise Sobral, do Hospital de Câncer de Pernambuco (HCP). Em nota, a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) confirma que a dose de radiação para a tireoide, durante uma mamografia, é extremamente baixa (menor que 1% da dose recebida pela mama). Isso equivale a 30 minutos de exposição à radiação recebida a partir de fontes naturais. "Com base nesses dados, o risco de indução de câncer de tireoide após mamografia é insignificante: menos de um caso a cada 17 milhões de mulheres que se submetem ao exame anualmente entre 40 anos e 80 anos", diz a nota da SBM.
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Entre as mulheres, também têm sido comuns dúvidas sobre a realização de biópsia (remoção de uma pequena quantidade de tecido para avaliação da presença ou não de câncer). "Muita gente acredita que a biópsia em nódulo suspeito pode espalhar células cancerígenas. Mas isso não é verdade. A biópsia é importante porque faz parte de uma avaliação de conduta terapêutica a ser seguida pela paciente", frisa a radiologista Beatriz Maranhão, da clínica Lucilo Maranhão Diagnósticos.
"Uma mulher com câncer de mama num seio tem uma chance menor do que 5% de ter no outro. É por isso que, na maioria dos casos, não há justificativa para retirar a mama saudável”, explica a mastologista Denise Sobral, ao falar sobre a possibilidade de o tumor afetar as duas mamas (Foto: Guga Matos/JC Imagem)
Outra incerteza que aparece, vez por outra, diz respeito ao tamanho das mamas. Há quem diga que mulheres com os seios pequenos têm menos chances de desenvolver a doença. Mas a mastologista Denise Sobral esclarece: “Quanto mais tecido mamário, maior possibilidade de se ter câncer de mama. Mas isso não quer dizer que a mama grande necessariamente leva ao desenvolvimento do tumor. Não se trata de matemática. Na verdade, a paciente que terá a doença é aquela com alteração celular no tecido mamário, independentemente do tamanho da mama”, esclarece a mastologista.