Além da estética: toxina botulínica é usada em tratamentos odontológicos

dentes-600 Foto:

Você atingiu o limite de conteúdos que pode acessar.

Além da estética: toxina botulínica é usada em tratamentos odontológicos

Cinthya Leite
Publicado em 24/08/2016 às 17:54
dentes-600 Foto:


Toxina botulínica tipo A vem sendo usada por especialistas para tratar diversas doenças, como o bruxismo e a cefaleia tensional (Foto ilustrativa: Free Images)

Por Malu Silveira

Quem já ouviu falar em toxina botulínica, popularmente conhecida como Botox, provavelmente pensa que a substância é usada apenas em procedimentos estéticos. Quem for mais além, no entanto, vai saber que o produto também é usado no tratamento de algumas doenças, como hiperidrose e estrabismo. Agora, uma nova função para a toxina amplia ainda mais o leque terapêutico da substância. Seguindo a resolução Nº146/2014 do Conselho Federal de Odontologia (CFO), que permite e regulamenta o uso da toxina botulínica A (e do ácido hialurônico) para fins exclusivamente odontológicos, alguns cirurgiões-dentistas usam a substância como alternativa terapêutica para disfunções da articulação temporomandibular (ATM), motivos de queixas por parte dos pacientes.

Leia também:

» Confira dicas para manter o esmalte dos dentes saudável

» Cuidados com a saúde bucal infantil devem começar no primeiro ano de vida

» Pesquisa investiga relação entre alimentação e saúde bucal

» Proteste lança cartilha com orientações sobre saúde bucal

Entre os distúrbios, está o bruxismo, desordem caracterizada pelo ranger ou apertar dos dentes, principalmente durante o sono. "A toxina é aplicada nos músculos responsáveis pela força na área mandibular. Quando eles relaxam, a força maior que o normal feita pelo paciente desaparece, e os músculos ficam relaxados por cerca de quatro meses. É justamente nesse período que o especialista vai conseguir chegar à causa correta da disfunção, que pode ter vários fatores", explica a ortodontista Elizabeth Almeida, coordenadora do curso de capacitação orofacial da Associação Brasileira de Odontologia (ABO) - Seção Pernambuco.

O sorriso gengival, caracterizado pela exposição maior da gengiva no ato de sorrir, também pode ser tratado com a toxina botulínica. A substância funciona como uma alternativa ao procedimento cirúrgico. "Em muitos casos, os músculos dessa região estão alterados e podem ser relaxados com a substância. Também existe a possibilidade da cirurgia, mas muitos pacientes preferem o procedimento com a toxina por ser menos invasivo", pontua.

Outro problema que pode ser combatido com a substância é a cefaleia tensional. Quem convive com a doença geralmente descreve este tipo de dor de cabeça como uma faixa apertando o crânio. Os episódios podem ser raros, mas também podem evoluir para uma dor crônica. "Para fazer o tratamento com a toxina, é necessário que essa dor de cabeça tenha relação com alguma oclusão nos dentes. Se for detectado algo na parte dentária, fazemos a aplicação da substância para relaxar os músculos. Vale lembrar que o tratamento precisa ser feito em paralelo com um neurologista, para não mascarar um quadro que não tenha a ver com oclusão dentária", alerta a especialista.

A especialidade, no entanto, ainda causa estranheza por parte dos pacientes e até mesmo de alguns profissionais. "Nos últimos anos, a odontologia esteve muito concentrada em tratamentos dentários, mas o aparelho mastigatório é muito mais do que dente e gengiva. Também compreende ossos, músculos, articulações e ligamentos. As resoluções nos mostram que o cirurgião-dentista é habilitado para fazer uso dessas substâncias, porque é um profissional dedicado à face. Muitos dentistas, no entanto acham que o uso da toxina botulínica e o ácido hialurônico na odontologia é uma invasão de espaço em relação às áreas médicas que também fazem uso das substâncias. Entretanto, as resoluções permitem o uso dos produtos em procedimentos odontológicos que tenham comprovação científica", ressalta o secretário-geral da ABO Nacional, Marcelo Januzzi.

Ortodontista Elizabeth Almeida é a coordenadora do curso de capacitação orofacial da Associação Brasileira de Odontologia em Pernambuco (Foto: Divulgação)

Vale lembrar que, para realizar os procedimentos com as substâncias, o dentista deve estar capacitado e seguir as regras estabelecidas pelo Conselho Federal de Odontologia (CFO, órgão regulamentador da classe. "Para esses procedimentos, ainda não existem cursos de especialização. O ideal é que todo especialista interessado faça cursos de habilitação específicos sobre a área", acrescenta Januzzi. As aulas devem ser ministradas por entidades correlacionadas pelo Ministério da Educação (MEC) e amparadas tanto pelo CFO como pela própria Associação.

Ácido hialurônico

Em 2011, o órgão de regulamentação máxima da odontologia publicou a resolução 112 que, em seu Artigo 1º, proibia o uso do ácido hialurônico em procedimentos odontológicos até que se tivesse melhores comprovações científicas e reconhecimento da sua utilização na área odontológica. A resolução 146/2014 liberou o uso da substância para fins terapêuticos. Desde então, a substância vem sendo utilizada para atenuar desequilíbrios diversos na face, como disfunções na mandíbula ou nos lábios, bem como para preencher áreas que estão associadas ao funcionalismo odontológico.

últimas
Mais Lidas
Webstory