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Faça login ou cadastre-seNesta segunda-feira (1º/8), o Estado de Pernambuco completa um ano de notificações dos casos de microcefalia. Nesse período, foram registrados 2.074 bebês que nasceram com suspeita da malformação no Estado. Desse total, 376 casos (18,1% do total de notificados) foram confirmados e outros 1,3 mil descartados. Dessa maneira, 81% dos diagnósticos estão concluídos - os demais 398 casos (ou 19,2% dos casos suspeitos) continuam em investigação.
No Estado, a notificação compulsória imediata dos casos suspeitos de microcefalia passou a ser estabelecida em 27 de outubro de 2015, dia em que ficou decidido que a notificação seria retrospectiva - ou seja, passou a abranger também bebês nascidos a partir de 1º de agosto de 2015, quando se reforçaram as suspeitas de que algo estaria fora do padrão em relação à microcefalia. Naquele mês, foram notificados 32 casos (de 2005 a 2014, a média de casos foi de nove registros por ano).
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"No começo das novas ocorrências de microcefalia, não esperávamos que fosse um evento tão inusitado. A expectativa era que, a partir da notificação compulsória, fosse observada alguma mudança no padrão de ocorrência da microcefalia, mas não era esperada uma situação tão grandiosa como foi", diz a secretária-executiva de Vigilância em Saúde de Pernambuco, Luciana Albuquerque.
Ao longo dos últimos 12 meses, o Estado se tornou o epicentro das suspeitas de microcefalia associadas ao zika vírus, que pegou de surpresa a comunidade médica, as autoridades de saúde e a população. Em agosto, quando começaram a nascer os primeiros bebês que levaram a comunidade médica a investigar a explosão de casos de microcefalia em Pernambuco, os rumores de que zika poderia causar microcefalia não existiam, embora o Estado já estivesse passado, no primeiro semestre de 2015, por uma epidemia de zika que oficialmente não havia sido reconhecida pelas autoridades de saúde.
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"O fato de Pernambuco ter o maior número de notificações decorreu da decisão de não deixar passar casos suspeitos. Essa determinação foi acertada, embora tenha nos custado ficar no ranking nacional dos registros. De qualquer forma, foi por ampliar a investigação que conseguimos detectar que 19% das confirmações são de bebês sem microcefalia. E assim se passou a discutir sobre zika congênita”, ressalta Luciana Albuquerque.
Com lesões, mas sem microcefalia
No Estado, já são 71 bebês com perímetro cefálico dentro da normalidade, mas com alterações sugestivas de infecção nos exames de imagem e/ou nos testes laboratoriais. Apesar de nem todos os 71 casos estarem relacionados ao zika por detecção laboratorial, a Secretaria Estadual de Saúde não tem dúvidas de que o vírus é responsável, em grande parte, pelas alterações que a maioria desses bebês apresentam na tomografia.
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Vale frisar que esses 71 casos foram identificados quando o critério de definição da microcefalia considerava o perímetro cefálico menor ou igual a 33 centímetros (agora, o critério de inclusão contempla recém-nascidos com perímetro cefálico menor ou igual a 31,9 centímetros para meninos e 31,5 centímetros para meninas). Sabe-se que podem existir bebês com o mesmo padrão clínico que ainda não entraram na vigilância de casos, já que os critérios para notificação mudaram.
Ampliação de notificações com novo protocolo
É a partir dessa percepção de que o zika também pode acometer bebês sem microcefalia que o Estado de Pernambuco se debruça na elaboração de um documento que possa avaliar o amplo espectro de apresentação da síndrome congênita associada ao zika. "Vamos abranger mais casos com o novo protocolo, mas não tem como pensarmos diferente, pois regularmente há uma situação nova", esclarece a secretária-executiva de Atenção à Saúde de Pernambuco, Cristina Mota.
O lançamento do novo protocolo, que vai congregar casos suspeitos além da microcefalia, depende de decisões que serão tomadas com a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) e a Organização Mundial de Saúde (OMS). Ainda não estão claros quais serão os critérios de definição de casos suspeitos e confirmados da síndrome congênita associada ao zika, embora já se reconheça que a microcefalia é apenas a ponta do iceberg de muitas das lesões associadas à exposição ao vírus na gestação, como alterações neurológicas, problemas osteomusculares, auditivos e visuais.
"Uma coisa é certa: até as crianças completarem 5 anos, os achados (sintomas decorrentes da síndrome) serão maiores ou menores. Por isso, até essa idade, elas precisam ser acompanhadas de forma regular", orienta o diretor-geral de Controle de Doenças e Agravos de Pernambuco, George Dimech.
Nesse caminho ainda longo, desponta uma certeza: com suporte da família, dos profissionais de saúde e da sociedade, as famílias dos bebês com microcefalia passam a ter a chance de se sentir fortalecidas e serenas para zelar pelo desenvolvimento dos filhos com amor, disciplina e cuidado dentro de um contexto que permite superar obstáculos e desesperanças.