Até o dia 21 de maio, segundo a Secretaria de Saúde do Recife, foram registrados 87 óbitos por arboviroses. Ao longo do último ano, foram 29 (Foto: Alexandre Gondim/JC Imagem)
O primeiro semestre nem terminou, mas o registro de mortes suspeitas por arboviroses este ano no Recife já é três vezes maior do que as notificações de todo o ano de 2015. Até o dia 21 de maio, segundo a Secretaria Municipal de Saúde, foram registrados 87 óbitos por arboviroses. Ao longo do último ano, foram 29. Em Pernambuco, o cenário não é diferente: até agora, já são 233 óbitos suspeitos pela mesma causa – 100 a mais do que todo o ano de 2015. Foram confirmadas 22 mortes por chicungunha e outras 6 por dengue, além de um descarte para arboviroses.
“As outras continuam em investigação. De qualquer forma, pelo universo de confirmados que já temos, podemos inferir que boa parte dos óbitos notificados está vinculada à chicungunha. Foi assim, por exemplo, na Colômbia, que passou por epidemia semelhante à que vivemos”, explica o diretor-geral de Controle de Doenças e Agravos da Secretaria Estadual de Saúde (SES), George Dimech.
Com o auge do período das chuvas intercalado com sol, ele acrescenta que a população deve reforçar cuidados para evitar os criadouros do mosquito. Casos de dengue continuam a prevalecer nas notificações oficiais, mas George Dimech destaca que relatos de chicungunha estão mais em alta nos serviços de saúde, sugerindo subnotificação de um vírus que, apesar de fazer vítimas desde 2015 no Estado, ainda pode ter sintomas e complicações pouco conhecidos.
A Secretaria de Saúde do Recife continua com busca ativa dos óbitos suspeitos por arboviroses e também dos que não estão bem esclarecidos. “Algumas mortes com histórico de febre, associadas à doença cardiovascular e a diabete, por exemplo, podem levar a pensar na suspeita por chicungunha, mas é possível que muitas sejam descartadas. É melhor notificar por excesso do que perder casos”, diz a Secretária de Vigilância à Saúde do Recife, Cristiane Penaforte.
Entre os 9 casos de mortes confirmados por chicungunha este ano, ela chama atenção para o intervalo entre o início da doença e o óbito. A mediana do tempo entre o começo dos sintomas e a morte foi de 14 dias. “Isso faz reforçar como é importante procurar um serviço de saúde no início dos sinais da doença e não fazer uso de automedicação”, destaca Cristiane.