Para controlar a epidemia da dengue, Vigilância Ambiental da Prefeitura do Recife tem experimentado o uso de larvicidas biológicos em vários bairros da cidade (Foto: Sérgio Bernardo/JC Imagem)
Por Malu Silveira
Para um melhor acompanhamento dos casos de dengue no País, o Ministério da Saúde passou a adotar uma nova nomenclatura desde o começo de 2014 para definir a gravidade da doença. Antes, eram três: dengue com complicação, síndrome do choque e febre hemorrágica (também conhecida como dengue hemorrágica). Agora, além da dengue considerada clássica, há duas classificações: dengue grave e dengue com sinais de alarme (ou com agravamento), ambas com possibilidade de ter ou não hemorragia.
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"A nomenclatura foi adotada pelo Ministério da Saúde porque geralmente o quadro clínico não preenche todos os critérios de dengue hemorrágica. Então, passamos a chamar dengue com sinais de agravamento. Mas a Organização Mundial de Saúde ainda considera dengue hemorrágica", explica a médica Vera Magalhães, coordenadora da disciplina de infectologia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
Diante da situação de epidemia no Estado até o fim de maio deste ano, quando foram notificados 51.122 casos de dengue (12.736 confirmados) em 184 municípios pernambucanos, representando um aumento de 507,80% em relação às notificações do mesmo período de 2014, a infectologista alerta para a variação dos sintomas, que podem ou não estar associados a um quadro mais grave da doença. "A gente não pode se deter à classificação. O que sabemos é que a forma de dengue apresentada ultimamente pelos pacientes é uma dengue não clássica e não complicada. Muitas pessoas que tiveram a doença, inclusive, chegaram a achar que não era dengue", alerta a especialista.
E mais: é importante ficarmos atentos aos sintomas mais graves. "O sinal de alerta para agravamento da doença é o aparecimento de sintomas como dores abdominais, vômitos persistentes, desmaios, hemorragias e hipotermia, que é a diminuição excessiva da temperatura corporal. Nesses casos, o paciente precisa ir urgentemente para o hospital, a fim de ser submetido a uma hidratação venosa e realizar outros exames", ressalta. Para os casos considerados mais clássicos, com sinais como dores no corpo e nas articulações, além de manchas vermelhas na pele, a recomendação da médica é a hidratação - ingestão de cerca de três litros de líquidos, principalmente água, e repouso. Se sentir a necessidade de medicação, use o paracetamol com indicação médica.
Sorotipos
Em Pernambuco, há circulação dos quatro sorotipos do vírus da dengue (DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4). Apesar das variações, a médica defende que não há como diferenciar os sintomas que cada um provoca no paciente. "É extremamente complexo esse tema. Existem evidências de que um vírus pode ser mais virulento que o outro. Alguns, aparentemente, são mais graves que outros. Mas há diversos fatores relacionados ao próprio hospedeiro, como o fator genético. Eu não posso dizer apenas pelos sintomas se é DENV-1 ou DENV-2, por exemplo", explica.
Há casos, vale frisar, que os sintomas da doença provocada pelo Aedes aegypt nem aparecem. "Muitos casos de dengue são assintomáticos. Ou seja, a pessoa não apresentou nenhum quadro clínico e nem sabe que teve a doença. Ou pode até ter um quadro não clássico e confundir com outras doenças", finaliza a especialista.