
Quetamina modifica o funcionamento do sistema nervoso central (Foto: Free Images)
O uso da quetamina como droga recreativa (ou Special K) tem preocupado a comunidade médica. Substância veterinária usada para fins anestésicos, ela tem atraído jovens em festas e baladas interessados nos efeitos alucinógenos que o produto causa. A questão é que a utilização da quetamina como droga sintética causa várias complicações no organismo e pode até ser fatal.
O alerta vem da anestesiologista Cristina Roichman, da Cooperativa de Anestesiologistas do Estado de Pernambuco (Coopanest/PE). Ela diz que a quetamina modifica o funcionamento do sistema nervoso central (SNC), ao estimular algumas áreas e deprimir outras, o que provoca um efeito dissociativo, que altera o funcionamento de vários sistemas do organismo.
“Além de analgesia, ela provoca alterações mentais de amplo espectro, que podem variar de perturbações leves de consciência e humor a quadros psiquiátricos, como depressão profunda e paranoia”, explica Cristina.
Entre outros sintomas, estão também alucinações e delírios, perda da realidade, sensação de estar fora do corpo, dificuldade de controlar sentimentos e pensamentos e despersonalização.
O uso da droga provoca ainda perda da atenção, da capacidade de aprendizado e da memória. “Muitos desses efeitos são transitórios e reversíveis, mas existem casos em que eles apareceram de forma recorrente. Pode ainda desencadear dependência extrema", afirma a anestesiologista.
Em alguns casos, o uso recreativo da quetamina aumenta as secreções respiratórias e, dependendo da dose, pode deprimir a respiração e provocar vômitos, o que pode levar o paciente a óbito por depressão respiratória ou sufocamento. No sistema cardiovascular, ocorre o aumento da frequência cardíaca e da pressão arterial, o que aumenta muito o trabalho cardíaco e sobrecarrega as coronárias, podendo provocar infarto.
“Além disso, é preciso considerar que a perda de percepção da realidade leva à perda de noção de perigo, o que também pode induzir a riscos que levam à morte”, complementa Cristina.
Apesar de ser uma droga de risco quando usado de forma recreativa e sem assistência médico-hospitalar, é importante deixar claro que se trata de um anestésico muito seguro quando usado por um profissional treinado (anestesista) e em ambiente adequado (hospital).