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Conheça a doença vivida pelo personagem de Eddie Redmayne, que levou o Oscar

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 23/02/2015 às 15:00
Saiba mais sobre a esclerose lateral amiotrófica
Saiba mais sobre a esclerose lateral amiotrófica FOTO: Saiba mais sobre a esclerose lateral amiotrófica

No longa, Eddie Redmayne interpreta o astrofísico britânico Stephen Hawking, diagnosticado com ELA aos 20 anos (Foto: Universal Studios/Divulgação) No longa, Eddie Redmayne interpreta o astrofísico britânico Stephen Hawking, diagnosticado com ELA aos 20 anos (Foto: Universal Studios/Divulgação)

O ator inglês Eddie Redmayne levou o Oscar de melhor ator por sua atuação em A Teoria de Tudo. A transformação dele no físico e cosmólogo britânico Stephen Hawking, que convive com esclerose lateral amiotrófica (ELA), foi o suficiente para premiar o jovem ator. No discurso, Eddie Redmayne dedicou a estatueta às pessoas que convivem com a doença. “Prometo respeitar o legado de Stephen Hawking, que superou limitações", disse Eddie Redmayne.

A ELA é uma doença neurológica progressiva que causa paralisia dos músculos e compromete a movimentação dos membros, a fala, deglutição e respiração. Ainda sem cura, a doença é um desafio porque não conta com uma medicação totalmente eficaz para barrar os sintomas.

"Mas é possível controlar a evolução da ELA, mesmo que minimamente, através de intervenções de reabilitação que ajudam a diminuir a fraqueza muscular e o comprometimento da função respiratória", diz a neurologista Carolina Cunha, responsável pelo Ambulatório de Doenças Neuromusculares do Hospital Universitário Oswaldo Cruz (Huoc), no Recife. Ela conduz o trabalho ao lado de terapeutas ocupacionais, fisioterapeutas, psicóloga, assistente social, nutricionista, enfermeiro e fonoaudióloga.

"Nosso trabalho tem ajudado os pacientes porque os auxilia a lidar com as consequências da doença, como a atrofia muscular, a dificuldade para engolir e para realizar as atividades do dia a dia", assegura a médica. Ela acrescenta que evidências têm mostrado que esse tipo de intervenção, que inclui vários especialistas no processo terapêutico, precisa ser o mais cedo possível para diminuir a angústia de quem tem a doença e até prolongar a vida.

Arte - ELA

DIAGNÓSTICO TARDIO

O entrave, contudo, é a demora do diagnóstico. A partir do início dos sintomas, as pessoas passam de oito a dez meses perambulando para conhecer o que tem. "Muitas vão a vários especialistas, que não conseguem detectar a doença com facilidade", avisa Carolina. O diagnóstico de ELA é feito por com base na avaliação clínica do neurologista, na eletroneuromiografia (exame destinado ao estudo da função dos nervos e dos músculos) e em testes laboratoriais que excluem outras doenças com características semelhantes à ELA.

Apenas uma medicação, chamada riluzol, faz parte do esquema terapêutico. Ainda assim, possui eficácia limitada para combater os sintomas. "É um medicamento que traz poucos benefícios", lamenta Carolina. Por isso, vários ensaios clínicos voltam a atenção para o desenvolvimento de uma droga que aumente a expectativa de vida, retarde a evolução da doença, melhore a função respiratória e a força muscular. Por parte dos médicos e pacientes, não falta esperança para que essa medicação chegue logo.

* Com informações de matéria de Cinthya Leite publicada no dia 30/11/2014 no Jornal do Commercio