A Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia (Abrale) e a Associação Brasileira de Talassemia (Abrasta) acabam de dar início a uma campanha para conscientizar a população sobre a importância do NAT - sigla em inglês para teste de ácido nucleico.
Trata-se de um exame que permite detectar se um doador de sangue foi recentemente infectado por doenças como aids ou hepatites B e C.?
O Ministério da Saúde acaba de anunciar que pretende implantar o NAT em todos os hemocentros do País até o fim do ano. Com o exame, a janela imunológica (intervalo de tempo entre a infecção pelo vírus da aids e a produção de anticorpos anti-HIV no sangue) do vírus HIV cai para apenas sete dias e a das hepatites, para 11 dias.
Vamos entender o avanço que o Brasil terá com o NAT: atualmente, o teste de sorologia utilizado na maioria dos hemocentros brasileiros possui uma janela de cerca de 22 dias entre o contágio pelo vírus HIV e sua detecção. Para as hepatites, esse intervalo é de 70 dias.
Isso significa que, se uma pessoa foi contaminada por uma dessas doenças e doou sangue na sequência, pode ocorrer do sangue ser repassado para um paciente com a contaminação.
O avanço é explicado porque o NAT investiga a presença do material genético do vírus, e não a presença de anticorpos contra o vírus. Portanto, o exame oferece um encurtamento da janela imunológica, período em que vírus permanece indetectável num indivíduo.
Além de ampliar a segurança das transfusões, a medida diminui as restrições à doação de sangue. Hoje, pessoas que mantiveram relações sexuais com vários parceiros, por exemplo, não podem doar sangue durante um ano inteiro.
"Estamos muito felizes com o compromisso assumido pelo Ministério da Saúde. Agora, precisamos ficar de olho se a promessa será cumprida e garantir que a população em geral tenha acesso a esse exame", diz a presidente e fundadora da Abrale e da Abrasta, Merula Steagall. Ela acrescenta que o objetivo da campanha é fazer com que doadores e receptores exijam que o sangue tenha passado pelo NAT.
Cerca de 5% dos novos casos de aids que ocorrem anualmente ano são causados por transfusões de sangue. No Brasil, o risco de contrair o vírus HIV em uma transfusão é 20 vezes maior do que nos Estados Unidos, onde o exame NAT é usado com mais frequência.
Para a Abrale e a Abrasta, o uso de exames mais efetivos, como o NAT, é fundamental. As entidades apoiam portadores de cânceres do sangue e algumas dessas doenças exigem transfusões periódicas. Pacientes com talassemia major, por exemplo, passam pelo procedimento a cada 20 dias, por toda a vida.
A campanha contará com ações de conscientização em hospitais, hemocentros e outros centros de tratamento de doenças que exigem a transfusão de sangue.