Você leu {{ signinwall.data.visits }} de {{ signinwall.data.limit }} notícias.
Possui cadastro? Faça login aqui
{{ signinwall.metadata.blocked_text }}
Você atingiu o limite de conteúdos que pode acessar.
Para acessar o conteúdo, faça seu login abaixo:
Faça login ou cadastre-seSento à mesa e não sei mais o que escolher para besuntar o pão: margarina ou manteiga. Lembro que, quando criancinha, minha avó tirou a manteiga do cardápio da família. Ela dizia que o produto era inimigo do coração e estimulou a gente a adotar uma marca de margarina que promete turbinar a saúde cardíaca. Assim, passei anos e anos me segurando para evitar a manteiga, que sempre achei uma delícia. Então, quando ia à casa de amigas e via a mantegueira dando sopa, imediatamente meus olhos brilhavam.
O tempo passou e, já na adolescência, comecei a ler matérias que condenavam a margarina e atribuíam vantagens à manteiga. Imaginem que deu um nó na minha cabeça. Baralhados mesmos ficaram meus pensamentos há uns dias, quando tomei conhecimento de um estudo que conclui o seguinte: o consumo moderado de manteiga ou margarina não afeta coração. Pois é, tanto faz como tanto fez! Já pensou? Essa foi a constatação de uma tese séria, feita no Instituto do Coração (InCor) da Universidade de São Paulo (USP).
Para a pesquisa, foram analisadas pessoas que tinham síndrome metabólica, que atinge 30% dos brasileiros e que aumenta em cinco vezes a chance de desenvolvimento de derrames e de ataques cardíacos. Além disso, a síndrome metabólica reúne alguns desses problemas: obesidade abdominal, níveis irregulares de colesterol e triglicérides, taxas anormais de glicose e pressão arterial elevada.
Vale informar que esse estudo, cujo desfecho revelou que manteiga ou margarina não aumentam risco de doenças cardíacas, foi fruto do doutorado da nutricionista Ana Carolina Gagliardi no Instituto do Coração (InCor), orientada pelo cardiologista Raul Dias Santos Filho. "No Brasil, mais de 50% da população tem o hábito de consumir manteiga ou margarina todos os dias", explica a especialista.
Intitulada Efeitos da suplementação de manteiga e margarinas no metabolismo lipídico e inflamação de portadores de síndrome metabólica que mantiveram seus hábitos usuais de vida, a tese de Ana Carolina foi defendida em fevereiro deste ano e foi levada adiante da seguinte maneira: 66 voluntários deixaram de consumir as manteigas ou margarinas a que estavam acostumados. Em seguida, eles foram divididos em quatro grupos, que consumiram diariamente as quantidades recomendadas pela nutricionista.
Um dos grupos passou a consumir 15 gramas (g) de manteiga por dia; um segundo grupo consumiu 18 g de margarina com gorduras trans; outro grupo de voluntários, 36 g de margarina sem gorduras trans; e outro, 30 g de margarina com fitoesterol, substância que reduz a quantidade do mal colesterol (LDL) do sangue.
Cada uma dessas quantidades de manteiga ou margarina traz 12 g de gordura. Para efeito de comparação, uma colher de sopa de margarina cheia pesa 15 gramas. Ah, é válido frisar que nenhum dos voluntários mudou a dieta durante a pesquisa. Eles relataram ingerir poucas calorias (1,5 mil por dia), com mais gordura saturada e menos fibra que o recomendado.
Passados 35 dias seguindo as recomendações da nutricionista, os voluntários tiveram em quantidades iguais as proteínas que indicam o risco de infarto. O tempo para a mudança de dieta influenciar na quantia dessas moléculas é de 28 dias. O colesterol ruinzinho também não aumentou no sangue. Apenas a margarina com fitoesterol ajudou a reduzir os níveis sanguíneos das gorduras maléficas. O peso também não variou durante esse período.
Diante desses resultados, a gente pergunta: "E aí, devemos optar pela margarina ou pela manteiga?". Segundo Ana Carolina, desde que não exagere, a pessoa pode consumir manteiga ou margarina sem culpa. "As gorduras são calóricas, mas se a pessoa diminuir um pouco a quantidade de fritura, por exemplo, pode usá-las na dieta. Até mesmo quem deseja perder peso."
Então, a ingestão de margarina e de manteiga passa por um raciocínio simples e óbvio, do qual todos nós temos conhecimento: a moderação e o bom senso formam o melhor de todos os caminhos para termos um cardápio equilibrado e uma saúde em ordem.