Respondendo a uma pergunta da senadora Lídice da Mata (PSB-BA), Dilma disse que a contribuição de Cunha ao País "foi a mais danosa possível". Foto: Evaristo Sá / AFP
Respondendo a uma pergunta da senadora Lídice da Mata (PSB-BA), Dilma disse que a contribuição de Cunha ao País "foi a mais danosa possível". "A contribuição de Cunha foi a mais danosa possível porque já vinha sendo bem danosa quando tentamos aprovar, ainda em 2014, a Lei dos Portos, com todas as dificuldades possíveis, pois ele não queria a aprovação sem contemplar alguns interesses estranhos", afirmou, sem esclarecer ao que se referia.
De acordo com ela, quando Cunha foi eleito presidente da Casa, em fevereiro de 2015, o processo de desestabilização parlamentar do governo teve início de forma acelerada. "Muito se tem dito pela imprensa e também por integrantes do sistema Judiciário que Cunha tinha relação não muito republicana quando se tratava aprovação de projetos", acrescentou.
- Saiba quais foram as palavras mais usadas no pronunciamento de Dilma no Senado
- Dilma reitera que impeachment criará precedentes que atingirão outros presidentes
- Após depoimento de Dilma, Aécio não vê mudança de votos; Humberto ainda acredita
A presidente afastada afirmou ainda que desde fevereiro de 2016 até poucos dias antes do afastamento pelo Senado, a Câmara não aprovou nenhuma medida. "Se isso não é um dos maiores boicotes que se tem notícia na história do Brasil, eu não sei o que é."
Constituição
Dilma recorreu à Constituição Federal para tentar convencer os senadores de que não praticou crime de responsabilidade fiscal. Ela leu o artigo que trata da vedação à abertura de créditos suplementares e salientou que a medida não pode ser feita sem previsão legislativa. "O decreto de contingenciamento estabelece limite e impede que créditos virem (nova) despesa", explicou.
A petista disse ainda que o governo perseguiu diversas formas de combater a pobreza. "Não só através da valorização do salário mínimo, do Bolsa Família, mas com poderosa agricultura familiar", disse. "Agricultura tem papel expressivo no Brasil, e nossa contribuição foi o apoio do governo federal", acrescentou a presidente afastada, refutando acusações que violação à lei no âmbito da subvenção ao plano Safra.
Porto de Mariel
A presidente afastada destacou ainda a postura amigável e o apoio conquistado pelo Brasil entre diferentes países de continentes como África e Ásia, que permitiu ao País alcançar, por exemplo, a presidência da Organização Mundial do Comércio (OMC). "Não temos posição disruptiva, conflitiva", disse.
Nesse contexto, a petista defendeu o financiamento ao Porto de Mariel, em Cuba. "Porto de Mariel é disputado por todos aqueles que querem investir em Cuba, não só os americanos", disse Dilma. "Não podemos ter visão fundamentalista e ideológica de algo que é importante, que é ajudar o povo cubano", acrescentou.
A presidente afastada disse também, em resposta ao senador Ronaldo Caiado (DEM-GO), que o governo brasileiro não tem controle sobre a política monetária dos Estados Unidos. Colaboraram Idiana Tomazelli e Júlia Lindner