MP

Romário solicita investigação sobre suposta conta na Suíça

Ana Maria Miranda
Ana Maria Miranda
Publicado em 27/11/2015 às 13:04
Leitura:

Existência de uma suposta conta de Romário na Suíça foi revelada em julho pela revista “Veja” / Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

Existência de uma suposta conta de Romário na Suíça foi revelada em julho pela revista “Veja” Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

O senador Romário solicitou à Procuradoria-Geral da República (PGR) que peça ao Ministério Público da Suíça a abertura de uma investigação para a apurar se a suposta conta em seu nome no banco suíço BSI existe ou já existiu algum dia. No ofício, o senador pede ainda que seja averiguado se já houve alguma movimentação na conta citada. Em entrevista ao GLOBO, o senador afirmou que já foi titular de uma conta no BSI no período em que atuou por clubes europeus, entre o fim dos anos 1980 e meados dos anos 1990. A existência de uma suposta conta, ainda em atividade e com saldo equivalente a R$ 7,5 milhões, foi revelada em julho pela revista “Veja”. Na ocasião, o senador foi à Suíça e voltou com um documento do banco atestando que a conta citada não era sua naquele momento. O BSI não especificou, no entanto, se o senador já fora correntista em alguma época. Ao GLOBO, o senador negou que atualmente seja titular de conta no BSI.

O assunto voltou à tona após a divulgação do aúdio da conversa envolvendo o senador Delcídio Amaral (PT-MS), preso na quarta-feira, e o advogado Edson Ribeiro, detido nesta manhã ao desembarcar no Aeroporto Galeão, no Rio. Na conversa, a existência da suposta conta é citada e há a insinuação de que o encerramento dela estaria relacionado a um acordo para Romário apoiar o candidato de Eduardo Paes (PMDB) à sua sucessão na prefeitura do Rio, o secretário municipal de Coordenação de Governo, Pedro Paulo (PMDB). Um dos sócios do Banco BTG Pactual, dono do BSI, é Guilherme Paes, irmão do prefeito. Em resposta a um comentário no Facebook, o senador afirmou que deseja que o Ministériuo Público suíço envie “todo o histórico”.

“Em atenção ao acordo de cooperação firmado com a Suíça, bem assim, em face dos últimos acontecimentos noticiados pela imprensa nacional e internacional, em que fui envolvido em conversa do Senador Delcídio Amaral com o Sr. Bernardo Cerveró e seu advogado, Dr. Edson Ribeiro, como partícipe de um suposto esquema de favorecimento, alinhavado com o Prefeito do Município do Rio de Janeiro, Sr. Eduardo Paes, para “livrar-me” de suposta ocultação de recursos havidos junto ao Banco Suíço BSI e não declarados ao FISCO, em troca de apoio político ao futuro candidato do Partido do Movimento Democrático Brasileiro – PMDB ao Palácio da Guanabara, Sr. Pedro Paulo, para solicitar-lhe seja oficiado ao Ministério Público Suíço para instaure procedimento investigatório, a fim de apurar se a suposta conta bancária apontada pela revista VEJA, como sendo de minha titularidade do BSI, realmente existe e, ainda, se algum existiu, assim como se já houve qualquer movimentação na malsinada conta bancária”, diz o ofício, protocolado às 9h desta sexta-feira.

Em outro trecho do requerimento, Romário aponta um “resquício de suposta fraude” para favorecê-lo.

“Eis que, inobstante a declaração outrora apresentada pelo BSI, há resquício de suposta fraude para favorecer-me, a qual merece ser apurada como nova resposta a todos os cidadãos brasileiros, em especial os cariocas e fluminenses que a mim confiaram o seu voto”, encerra.

MP - A Procuradoria-Geral da República afirmou nessa quinta-feira (26) que "todos os fatos serão apurados" em relação à citação de suposta conta bancária do senador Romário (PSB-RJ) na Suíça. A menção à conta foi feita pelo advogado Edson Ribeiro, em conversa gravada com o senador Delcídio Amaral (PT-MS).

O áudio serviu de prova para determinar a prisão do advogado, que defendia Nestor Cerveró, ex-diretor da área Internacional da Petrobras; do senador; do chefe de gabinete do parlamentar, Diogo Ferreira; e do dono do banco BTG Pactual, André Esteves.

A citação aparece no início da gravação, feita pelo filho do ex-diretor da Petrobras, Bernardo Cerveró. No diálogo, Delcídio afirma que a publicação da existência da conta bancária pela revista "Veja" teria resultado num acordo político para que Romário apoiasse a candidatura do escolhido do prefeito Eduardo Paes (PMDB) para suceder a ele, o secretário de Coordenação de Governo da prefeitura, Pedro Paulo.

Romário e o BSI, o banco suíço - que também pertence a Esteves e onde o ex-jogador supostamente teria mantido dinheiro - já negaram a informação. A "Veja" admitiu que errou ao publicar a existência da conta na Suíça.

A Procuradoria-Geral da República não deu detalhes sobre a adoção de algum procedimento junto ao Ministério Público na Suíça. O órgão disse apenas que "todos os fatos serão apurados". Nesta quinta-feira, o Ministério Público em Genebra afirmou que só vai começar a investigar a suposta conta de Romário no BSI quando for oficialmente provocado pela Procuradoria-Geral da República do Brasil, como informou a coluna de Lauro Jardim.

— A suposta fraude foi cometida no Brasil. Depende de autoridades brasileiras enviarem um pedido de cooperação mútua - afirmou Henri Casa, encarregado de imprensa do Ministério Público de Genebra.

De manhã, Paes negou a relação entre a divulgação da suposta conta de Romário na Suíça e um acerto para a eleição do ano que vem. Pedro Paulo não participou da inauguração do circuito de canoagem slalom, em Deodoro.

— O que eu ouvi foi um advogado boquirroto, em uma reunião pré crime, fazendo ilações sobre o senador Romário, um homem sério.

O prefeito afirmou que espera o apoio do senador, caso ele não seja candidato:

— Eu tenho um entendimento com o Romário de que se ele não vier candidato (a prefeito), ele apoia o Pedro Paulo.

Mais lidas