Corrupção

Petista relator da CPI da Petrobras critica Operação Lava Jato

Rafael Paranhos da Silva
Rafael Paranhos da Silva
Publicado em 19/10/2015 às 21:15
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Ele critiva os acordos da Lava Jato pelos quais réus confesso tiveram suas penas reduzidas em troca de informações passadas aos investigadores / Foto: Câmara dos Deputados

Ele critiva os acordos da Lava Jato pelos quais réus confesso tiveram suas penas reduzidas em troca de informações passadas aos investigadores Foto: Câmara dos Deputados

O relator da CPI da Petrobras, o petista Luiz Sérgio (PT-RJ), criticou a Operação Lava Jato e classificou como "questionável" a tese de que a corrupção na estatal era institucionalizada.

As afirmações - grande parte delas em sintonia com o que prega seu partido - constam no relatório final de Luiz Sérgio. O parlamentar acabou de ler um resumo do documento, durante a sessão da CPI desta segunda-feira (19);
Ele aproveitou para anunciar que, na sua avaliação, os depoimentos dos delatores do esquema de corrupção na estatal "não há menção" sobre envolvimentos da presidente Dilma Rousseff, do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, tampouco dos ex-comandantes da empresa José Sérgio Gabrielli e Graça Foster.

"Questionável a tese de corrupção institucionalizada. O ex-gerente Pedro Barusco e o ex-diretor Paulo Roberto Costa foram taxativos ao ressaltar aqui que o envolvimento de ambos era pessoal, isentado colegas em vários momentos", argumentou Luiz Sérgio.

Em seu relatório, o deputado fluminense critica os acordos de delação premiada da Lava Jato, pelos quais réus confesso tiveram suas penas reduzidas em troca de informações passadas aos investigadores.

"A Lava Jato se caracteriza pelo aparente excesso de delações premiadas", disse o parlamentar, ao ler o resumo do seu parecer.

Luiz Sérgio citou o caso do doleiro Alberto Youssef, um dos beneficiados. O relator lembrou que ele já havia descumprido os termos de um acordo nesses modelo, assinado durante o escândalo do Banestado.

"Não podemos ser ingênuos a ponto de achar que tudo que foi feito está dentro da estrita normalidade. Impossível acreditar que houve absoluta isenção em todas as etapas até agora", disse Luiz Sérgio, a respeito da condução da Lava Jato.

O relator também levantou suspeitas sobre um dos principais pontos identificados pelos investigadores: a de que empresas contratadas pela Petrobras pagavam propina a políticos em forma de doações de campanha.

"Não dá para acreditar que exista dinheiro carimbado no caixa das empresas, daí ser exagerada a afirmação", argumentou o petista.

Em seguida, ele exemplificou o caso da construtora Mendes Junior, que mantinha contratos com a estatal petroleira e com o governo de Minas Gerais no período em que o Estado era comandado pelo PSDB.

"Quando (a Mendes Junior) faz doações, o dinheiro é da Petrobras ou do governo mineiro?[...] Estamos diante de uma situação de criminalização da política, o que é muito ruim para a democracia", sustentou o relator.

PRAZO - O relatório final está sendo apresentado nesta noite, já que o prazo regimental de encerramento da CPI é sexta-feira.

Logo após a abertura da sessão, diversos deputados, entre eles Izalci (PSDB-DF) e Ivan Valente (PSOL-SP), anunciaram que pedirão vista ao relatório de Luiz Sérgio.

A oposição também deverá apresentar um voto em separado (uma espécie de relatório paralelo), com propostas distintas das assinadas por Luiz Sérgio.

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