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Para Cunha, reprovação era esperada e não contamina ação de impeachment

Ana Maria Miranda
Ana Maria Miranda
Publicado em 08/10/2015 às 8:06
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Cunha alegou que ainda não é possível dizer se reprovação de contas embasa pedido de impeachment / Foto: Alex Ferreira/ Câmara dos Deputados

Cunha alegou que ainda não é possível dizer se reprovação de contas embasa pedido de impeachment Foto: Alex Ferreira/ Câmara dos Deputados

O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), disse que a reprovação das contas de 2014 da presidente Dilma Rousseff já era esperada, mas ainda não se pode dizer se elas embasam um eventual pedido de impeachment da petista.

"Quando o governo foi pedir a suspeição do relator, praticamente adiantou o resultado. Foi um erro político grave do governo, para tentar politizar o processo", avaliou o deputado, ao mencionar a ação colocada em prática no início da semana pelo Palácio do Planalto, que pediu que o relator das contas de Dilma, o ministro Augusto Nardes.

A suspeição do ministro foi a última cartado do governo para tentar adiar o julgamento das contas, mas foi barrada também nesta quarta pelo STF (Supremo Tribunal Federal).
Lideranças da oposição, que chancelam o pedido de afastamento de Dilma do ex-petista Hélio Bicudo, acreditam que a decisão do TCU dá forças ao processo.

Apesar de contar com a oposição como fiel aliada e de, inclusive, já ter acordos velados há semanas sobre o rito a ser adotado no processo de impeachment, o presidente da Câmara mantém cautela ao opinar publicamente sobre o impacto da decisão do TCU na questão.

"Tem uma discussão preliminar que trata das contas de 2014, consequentemente, do mandato anterior. Se cabe ou não [um processo de impeachment embasado em acontecimentos de mandatos anteriores]. Somente vencida essa discussão se pode dizer se isso tem ou não influência no processo. Na minha opinião até agora formulada tenho dito que o mandato é novo, então não contamina um mandato com outro", afirmou Cunha.

Na contramão de Cunha, o líder do DEM na Casa, Mendonça Filho (PE), acredita que a decisão "é um respaldo técnico de um órgão que não se curvou à intimidação do governo e respaldará o processo de impeachment".

A posição é compartilhada por Bruno Araújo (PSDB-PE), para quem a presidente está "pagando o preço político da desconstrução da LRF (Lei de Responsabilidade Fiscal)".

Para o líder do PSDB no Senado, Cássio Cunha Lima (PB), a decisão do TCU "confirma o estelionato eleitoral". "Fica caracterizado o abuso de poder político e econômico além do crime de responsabilidade. O Congresso Nacional falará pela nação", disse.

Já para o líder do DEM no Senado, Ronaldo Caiado (GO), "o governo Dilma caminha para os seus últimos dias". "Mesmo com todas as manobras, não conseguiu reverter [a decisão]. Sua base política está fragmentadas. A população brasileira está desacreditada, assistindo a um noticiário repleto de escândalos e corrupção", afirmou.

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