Democracia

'Brasil e seu povo não toleram corrupção', diz Dilma na ONU

Rafael Paranhos da Silva
Rafael Paranhos da Silva
Publicado em 28/09/2015 às 17:24
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Presidente citou uruguaio José Mujica para defender democracia / Foto: AFP

Presidente citou uruguaio José Mujica para defender democracia Foto: AFP

Sem citar nominalmente a Petrobras ou o escândalo da Lava-Jato, no discurso que abriu, nesta segunda-feira (28), a 70ª sessão da Assembleia Geral da ONU, a presidente Dilma Rousseff citou o que chamou de avanços em um ambiente de consolidação da democracia. E disse que o Brasil e seu povo não aceitam a corrupção.

"O governo e a sociedade brasileiros não toleram a corrupção. A democracia brasileira se fortalece quando a autoridade assume o limite da lei como seu próprio limite", discursou.

Em um recado indireto à oposição, Dilma disse "que queremos um país em que o confronto de ideias se dê em um ambiente de civilidade e respeito". Citou o ex-presidente uruguaio, Jose Mujica, para defeder as instituições. "Essa democracia não é perfeita, porque nós não somos perfeitos. Mas temos que defende-la para melhorá-la, não para sepultá-la".

Entre outros temas em seu discurso na ONU, a presidente defendeu, mais uma vez, ações de solidariedade a refugiados e imigrantes, dizendo ser absurdo impedir o livre trânsito de pessoas. A presidente também culpou o cenário global pela crise econômica brasileira.

Antes de voltar ao Brasil no início da tarde, a presidente se reuniu com o primeiro ministro grego Aléxis Tsípras. O encontro bilateral ocorreu na sede da ONU e tratou da crise econômica. Segundo fontes do governo brasileiro, Tsípras, economista de formação assim como Dilma, de quem é amigo, contou o que tem feito contra a forte crise que assola seu país.

Dilma propôs uma cooperação bilateral entre as duas nações e o grego se comprometeu com a criação de um grupo de trabalho entre os dois países. O primeiro ministro convidou Dilma a ir a Atenas em fevereiro acender a chama olímpica que chegará em agosto ao Rio de Janeiro, para os Jogos de 2016. A presidente também teve reunião bilateral com o secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon.

SEMANA SERÁ DECISIVA PARA O GOVERNO - Quando chegar ao Brasil, nesta segunda à noite, a presidente Dilma terá uma semana decisiva para seu governo. Ela tem como tarefas destravar a reforma ministerial e garantir apoio no Congresso para a manutenção dos vetos ao reajuste do Judiciário e à correção das aposentadorias e pensões pelo salário-mínimo. O desafio agora é conciliar o objetivo anunciado da reforma — corte de dez ministérios — com o apetite do PMDB, que travou o anúncio da reforma, na semana passada. Para acomodar todas as correntes do partido e desfazer o mal-estar com o vice-presidente Michel Temer, Dilma teria que dar à legenda um espaço ainda maior: sete ministérios.

No discurso de ontem, no 8° encontro de Líderes Globais sobre Igualdade de Gênero e Empoderamento das Mulheres da ONU, ao ser questionada, Dilma não quis responder se a Secretaria de Políticas das Mulheres (SPM, com status de ministério) continuará a existir após a conclusão da reforma ministerial, que deve ser anunciada na próxima semana. A ministra da SPM, Eleonora Menicucci, integra a comitiva do Brasil em Nova York e participou do encontro no qual a presidente discursou.

No encontro, Dilma fez um discurso em defesa das políticas de gênero de seu governo. A presidente afirmou que ainda há muito o que fazer, mas que o Brasil avançou muito na legislação de combate à violência contra a mulher e em políticas afirmativas de gênero.

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