Corrupção

Polícia Federal pede autorização para ouvir Lula na Lava Jato

Rafael Paranhos da Silva
Rafael Paranhos da Silva
Publicado em 11/09/2015 às 18:02
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"Não sei como comunicaram a você e não me comunicaram. É uma pena", disse Lula / Foto: Yuri Cortez/AFP

"Não sei como comunicaram a você e não me comunicaram. É uma pena", disse Lula Foto: Yuri Cortez/AFP

A Polícia Federal pediu ao Supremo Tribunal Federal autorização para ouvir o depoimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva porque "poderia ter beneficiado" do esquema de corrupção na Petrobras.

O pedido foi feito na quinta-feira pelo delegado Josélio Azevedo de Sousa ao Supremo Tribunal, que analisa as conexões políticas do caso, que custou mais de 2 bilhões de dólares à estatal, levou à prisão empresários e na qual estariam envolvido dezenas de legisladores.

O ex-presidente Lula "na condição de mandatário máximo do país, pode ter sido beneficiado pela esquema em curso na Petrobras, obtendo vantagens para si, para seu partido, o PT, ou mesmo para seu governo, com a manutenção de uma base de apoio partidária sustentada à custa de negócios ilícitos na referida estatal", diz o pedido.

Lula, que está em Buenos Aires para apoiar a campanha do candidato presidencial oficialista Daniel Scioli, foi consultado por jornalistas a este respeito.

"Não sei como comunicaram a você e não me comunicaram. É uma pena", disse Lula, que não quis fazer outros comentários sobre a informação.

Lula foi mencionado, no início do escândalo, em alguns dos testemunhos concedidos à justiça de envolvidos no caso que colaboram em troca de uma redução em suas sentenças. Mas, segundo observa o próprio delegado, tais testemunhos não apresentam provas.

O delegado ressaltou, no entanto, que "os colaboradores não dispõem de elementos concretos que impliquem a participação direta do então presidente Lula nos fatos".

O pedido ainda será analisado pela Procuradoria-Geral da República.

O "Petrolão" consistiu em uma rede de subornos armada entre executivos da Petrobras, construtoras do grande escalão, corretores e especialistas em lavagem de dinheiro, para arrematar licitações e desviar recursos ao exterior por 10 anos.

A investigação mostra que esse dinheiro engrossou fortunas pessoais e financiou partidos políticos.

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