Brasília

Nova prisão não surpreendeu Dirceu

Júlio Cirne
Júlio Cirne
Publicado em 03/08/2015 às 17:05
Leitura:

Depois de Justiça negar habeas corpus, ex-ministro já esperava ser preso / Foto: Agência Brasil

Depois de Justiça negar habeas corpus, ex-ministro já esperava ser preso Foto: Agência Brasil

Depois de tentar por duas vezes garantir um habeas corpus que impedisse sua prisão, o ex-ministro José Dirceu sabia que era uma questão de tempo até ser preso pela força-tarefa que comanda a operação Lava-Jato. Dirceu cumpre pena e regime domiciliar em Brasília, onde mora com a mulher e uma filha de cinco anos. Pessoas que tiveram contato com ele recentemente disseram que ele estava tranquilo. Entre os amigos de Dirceu, persiste a tese de que a operação tem como foco o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Publicamente, o escritor Fernando Morais chegou a externar a opinião em rede social. "A (Polícia) Federal prendeu o Zé Dirceu hoje de manhã. Ele, o irmão e o secretário. Mas não é o Dirceu que essa gente quer. Nem ele, nem a Dilma (Rousseff, presidente). Eles estão rodeando para chegar nesse rapaz sem o dedo mindinho aí da foto. Eles querem ganhar as eleições de 2018 com três anos de antecedência", escreveu, publicando uma foto do ex-presidente Lula.

Amigos de Dirceu se queixam ainda da data da prisão, uma vez que na quinta-feira haverá o programa político do PT na televisão.

"Sempre é às vésperas do programa do PT essa operação (policial). Foi assim com o Vaccari (ex-tesoureiro do partido preso em abril passado)", disse um petista próximo de Dirceu, para quem "a lógica (da operação) é arrebentar Lula".

O mesmo petista disse que estaria fora de cogitação Dirceu fazer qualquer acordo de delação: "Na escala de valores de nossa família, o mais grave é sempre a delação", disse ele, apontando ainda que as pessoas próximas do ex-ministro "sabem que não existe isso de mágoa nem de amor com o Zé. Ele é um míssil gélido” e que não haveria “nada a ser delatado”.

Há mais de um mês, Dirceu já esperava pela prisão. No pedido de habeas corpus ao Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), instância superior da operação Lava-Jato, o advogado do ex-ministro, Roberto Podval, afirmava que seu cliente “não aguentava mais a angústia” e vivia, em sua prisão domicilar, “um suplício”. Ele também teve indeferido pela Justiça um pedido para passar o póximo final de semana em Vinhedo, no interior de São Paulo, onde comemoraria com a família o Dia dos Pais.

Na avaliação de petistas, a situação do PT com a prisão do ex-ministro, embora ele não tenha mais ligações formais com o partido, complica qualquer intenção da legenda de se recuperar neste momento e ainda fragiliza a presidente Dilma diante do Congresso Nacional e da opinião pública.

Mais lidas