Cortes no Orçamento

Quando um presidente não lidera, Congresso ocupa espaço, afirma FHC

Ana Maria Miranda
Ana Maria Miranda
Publicado em 23/05/2015 às 14:32
Leitura:

Tucano deu uma palestra na manhã deste sábado (23) em um centro universitário de Brasília / Foto: Agência Brasil

Tucano deu uma palestra na manhã deste sábado (23) em um centro universitário de Brasília Foto: Agência Brasil

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso fez uma crítica indireta à presidente Dilma Rousseff ao apontar que hoje há uma carência de liderança no país.

"Para fazer qualquer coisa, precisa de liderança. Ninguém muda nada sem liderança e o Congresso percebe isso logo, quem lidera e quem não lidera. E quando o presidente não lidera, o Congresso ocupa espaço", disse ele ao comentar que hoje o a relação entre congressistas e Executivo tem como foco obter "um pedaço do orçamento".

O tucano deu uma palestra na manhã deste sábado (23) em um centro universitário de Brasília. O tema central foi "Brasil, qual será teu futuro?".

'DÚVIDA HÍBRIDA' - Ao falar com a imprensa, foi questionado sobre a eventual falta de liderança no país e reforçou:

"Falta comando e quem vai exercer comando, os partidos não estão organizados para constituírem maiores estáveis no Congresso. Não temos maiorias estáveis. Estamos num momento de dúvida híbrida: estamos no presidencialismo ou no parlamentarismo?", questionou ele ao mencionar as tarefas delegadas pela presidente Dilma ao vice-presidente Michel Temer (PMDB) e ao presidente da Fazenda, Joaquim Levy (Fazenda).

FHC argumentou ainda que o corte de R$ 69,9 bilhões no orçamento do Executivo é decorrente de uma má gestão do governo da presidente Dilma Rousseff. Para ele, o governo "está pagando seus pecados" ao reduzir recursos em diversas áreas da Esplanada -como Cidades, Saúde e Educação.

"O Brasil foi tão mal governado nos últimos anos que o corte é consequência disso. A situação fiscal é de tal maneira difícil e foi consequência de erros dos governos que agora esse próprio governo está pagando seus pecados", afirmou a jornalistas após participar de palestra em centro universitário de Brasília.

O tucano comparou ainda o anúncio, realizado na tarde de sexta-feira (22), a uma "operação sem anestesia" -para ele, falta explicação sobre o que acontecerá daqui pra frente.
"Quando você faz uma contenção fiscal, você tem que explicar ao país o que vem depois. Pra que você faz? Qual é a esperança, o horizonte? E só estamos vendo nuvem negra. Aí as pessoas ficam irritadas, não aceitam", afirmou. Em sua fala durante a palestra, Cardoso argumentou que houve certo exagero na concessão de crédito para estimular a economia interna, ainda na gestão do ex-presidente Lula.

"Não adianta ter só o rumo, tem que ter o rumo e dosagem. Se você aperta o acelerador quando tem que frear, arrebenta mais adiante. Fizemos isso várias vezes em nossa história e não aprendemos. Espero que agora tenhamos aprendido. Há momentos em que não dá para continuar. Freia, espera, pra retomar mais adiante", afirmou.

Mais lidas