Ex-tesoureiro

Advogado nega que Vaccari tenha intermediado repasses a gráfica

Ana Maria Miranda
Ana Maria Miranda
Publicado em 17/04/2015 às 9:02
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Após ser preso na quarta (15), Vaccari deixou a tesouraria do PT / Foto: Agência Brasil

Após ser preso na quarta (15), Vaccari deixou a tesouraria do PT Foto: Agência Brasil

Defensor de João Vaccari Neto, o advogado Luiz Flávio Borges D'Urso negou que o ex-tesoureiro do PT tenha pedido para o executivo de uma das empresas suspeitas de integrar o esquema de corrupção na Petrobras para transferir dinheiro para uma gráfica pertencente a dois sindicatos de São Paulo. Após ser preso na quarta (15), Vaccari deixou a tesouraria do PT.

Entre 2010 e 2013, duas empresas de Augusto Ribeiro Mendonça Neto, da Setal Óleo e Gás, depositaram R$ 1,5 milhão para a conta da Editora Gráfica Atitude Ltda., empresa que pertence aos sindicatos dos Bancários de São Paulo e dos Metalúrgicos do ABC.

Mendonça, que fez acordo de colaboração com a Promotoria, afirma que os pagamentos foram feitos a pedido de Vaccari e que os valores foram descontados da propina que a empreiteira deveria pagar por um contrato na Diretoria de Serviços da Petrobras.

"Não é verdadeira a imputação feita por um delator que o sr. Vaccari teria lhe pedido para depositar valores na conta de uma gráfica, pois o sr. Vaccari nada tem com esse delator e com tais depósitos", diz trecho da nota.

Borges D'Urso atacou o fato da decretação da prisão preventiva ter se baseado "primeiramente" em depoimentos de delatores -o que, segundo o advogado, representam somente "informação sem comprovação" e que não são verdadeiras.

Segundo o defensor, no caso de Vaccari faltaram indícios de autoria e materialidade de crimes, requisitos para a prisão preventiva decretada pelo juiz Sergio Moro, da 13ª vara federal de Curitiba. O defensor do dirigente petista anunciou que vai impetrar pedido de libertação de seu cliente nas instâncias superiores.

Um dos pontos atacados pelo advogado foi a tese do Ministério Público Federal de que parte da propina devida por empreiteiras era paga na forma de doações legais ao PT. Vaccari já havia insistido neste ponto ao depor na CPI da Petrobras, na semana passada.

"O sr. Vaccari repudia as referências feitas por criminosos delatores a seu respeito, pois as mesmas não correspondem à verdade. Ele não recebeu ou solicitou qualquer contribuição de origem ilícita destinada ao PT e todas as doações ocorreram por via bancária, com transparência e com a devida prestação de contas às autoridades competentes", escreveu.

Na decisão que embasou a prisão, o juiz Moro também apontou indícios de enriquecimento ilícito que teriam sido encontrados ao examinar as declarações de Vaccari e seus familiares à Receita Federal.

Segundo a Procuradoria, o patrimônio da filha de Vaccari, Nayara, foi de R$ 240 mil para mais de R$ 1 milhão em cinco anos, graças a empréstimos dos pais e de Marice Correia de Lima, cunhada do dirigente petista e atualmente considerada foragida pela Justiça.

"A decisão também faz referência a supostas incongruências no movimento bancário e fiscal da esposa e filha do sr. Vaccari. Todavia, para tudo há comprovação de origem lícita, pois os valores movimentados nestas contas tem suporte na remuneração, devidamente declarada, pelo sr. Vaccari em suas atividades profissionais", declarou D'Urso em outro trecho da nota.

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