Ver pessoas utilizando drogas no Carnaval não é uma cena incomum. Entre os entorpecentes mais usados pelos foliões está o loló - antigo lança-perfume -, que coloca em risco a vida de jovens Brasil afora.
Reformulada, mais doce e potencialmente ainda mais perigosa, a droga é figura certa em blocos do Carnaval.
Usado indiscriminadamente, apesar de ser uma droga ilícita, o “sucesso” pode causar graves problemas à saúde e, até mesmo, parada cardíaca.
De acordo com a Polícia, o consumo e a comercialização da substância inalante são considerados infrações penais que podem levar à prisão.
A estudante A.C., 22 anos, admite que usa a droga no Carnaval. "O loló me deixa mais ativa pra aguentar a maratona do sobe e desce nas ladeiras", comentou.
Com cheiro agradável, o loló parece ser inofensivo, mas a droga é um tipo de solvente e pode ter diversos efeitos colaterais, que vão desde um pequeno zumbido, até à morte, dependendo da quantidade usada pelo usuário.
O efeito do loló dura entre 5 e 20 minutos. Por isso, geralmente, o usuário usa a droga repetidas vezes para estender os efeitos. Existem, por exemplo, vários relatos de parada cardíaca pela alta quantidade inalada da substância.
"O grande problema é que a droga tem ação sobre o sistema cardiovascular, aumenta a frequência cardíaca e deixa a pessoa vulnerável para sofrer a parada", explicou o cardiologista Pedro Rafael Salerno.
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A inalação do loló também faz com que o sistema nervoso central seja atingido. Isso causa perda da memória, distúrbios auditivos como zumbidos, formigamento do rosto e das extremidades.
"Como a droga atinge esse sistema, a pessoa pode ter uma depressão respiratória e consequentemente uma parada respiratória", disse o Dr. Salerno.
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O loló acelera o batimento cardíaco
O médico ainda explicou o impacto na frequência cardíaca. "A população em geral tem uma frequência que gira em torno de 72 batimentos por minuto (bpm)", contou.
"Quando você utiliza o loló em grande quantidade esse número sobe e a frequência pode chegar a 180 bpm. Aí o coração fica numa espécie de exaustão e pode ser fatal", disse o cardiologista.
Ainda de acordo com o médico, as substâncias são absorvidas pela mucosa pulmonar, sendo seus componentes levados, via corrente sanguínea, aos rins, fígado e sistema nervoso. Liberando adrenalina no organismo, acelera a frequência cardíaca, proporcionando sensação de euforia.
Uma frequência de 180 bpm é um sinal de alerta e perigo de morte. Há situações em que é possível atingir este número sem que isso represente um risco para a saúde, por exemplo, quando você está malhando.
Porém, a situação é completamente diferente quando o corpo não está em atividade de preparação e sofre uma alteração repentina desta frequência, podendo levar a parada cardíaca.
A coordenação motora também fica vulnerável, com a possibilidade de o usuário ter tremores musculares e falta de equilíbrio, danos que podem se tornar irreversíveis.
A droga tem preparo clandestino que mistura benzina, clorofórmio, éter e essência perfumada. É importante lembrar que todas são substâncias cancerígenas. Normalmente, o loló é colocado na própria roupa e inalado pela boca ou nariz.
Logo após a inalação, é comum a sensação de formigamento nas mãos e no rosto e um barulho nos ouvidos, acompanhados de uma grande sensação de felicidade, vontade de rir e alucinações.
Após o efeito da droga, o saldo são náuseas, depressão, dores de cabeça e mal estar. O Dr. Salerno ainda explicou que é muito difícil conseguir socorrer alguém que tenha uma crise por cheirar loló.
"A droga tem efeitos muito rápidos. A pessoa para de respirar e a falta de ar a faz cair e perder a consciência, depois o coração para e é fatal. Então se você já usou e não teve nada, eu recomendo que não use novamente. Com certeza, é um risco muito grande", concluiu.