Alimentação

No Dia Mundial Vegano, veja mitos e verdades sobre a prática alimentar

Priscila Miranda
Priscila Miranda
Publicado em 01/11/2016 às 8:01
Leitura:

Veganos não incluem nenhum tipo de alimento de origem animal na dieta / Foto: freepik

Veganos não incluem nenhum tipo de alimento de origem animal na dieta Foto: freepik

O veganismo tem crescido e conquistado muitos adeptos nos últimos anos. Porém, a prática de não incluir nenhum tipo de alimento de origem animal na alimentação, diferentemente do vegetarianismo, acaba sendo taxada como radical por aqueles que não a conhecem bem.

Nesta terça-feira (1º) comemora-se o Dia Mundial Vegano, e nada melhor que a data para esclarecer algumas dúvidas sobre o assunto.

O NE10 conversou com a nutricionista Rafaela Fernandes, especialista em Saúde Pública e Nutrição Funcional, para saber mais sobre o mundo vegano.

Adeptos do veganismo possuem deficiência de cálcio?

Mito. “Inicialmente, o cálcio que é conseguido dentro da alimentação vegetal tem uma biodisponibilidade bem mais alta. Existem alguns estudos que dizem que o vegetariano e, principalmente, o vegano, têm uma absorção maior do cálcio, pois a proteína animal prejudica, de certa forma, a biota intestinal, enquanto as fibras vegetais a beneficiam”, explica a nutricionista.

O cálcio da alimentação vegetal é muito bem aproveitado, mas é preciso que a pessoa tenha uma boa variedade na dieta. “Existem vários vegetais, como brócolis, couve e quiabo, que têm melhor biodisponibilidade do cálcio, por exemplo, que a maior fonte deste mineral na alimentação onívora [que consome proteína animal], que é o leite. Este alimento, de fato, tem bastante cálcio, no entanto, apenas cerca de 30% dele é absorvido, enquanto, no brócolis, este aproveitamento chega perto dos 60%.”

Consumir grande quantidade de soja faz mal à saúde?

Depende. Segundo a nutricionista, um vegano bem orientado com relação à alimentação saudável geralmente não consome muita soja. “Eles procuram como fonte proteica principalmente as leguminosas em geral, como os feijões, ervilha, grão-de-bico, lentilha, grãos cereais como arroz, ou ainda, pseudocereais, como quinoa e amaranto. A maior parte da soja no Brasil é transgênica, o que pode trazer malefícios à saúde”, afirma Rafaela.

Veganos costumam perder peso com mais facilidade?

Depende. “Em outras épocas, isso seria mais comum, já que a alimentação rica em vegetais é sempre muito saudável e o consumo de produtos de origem animal está, muitas vezes, atrelado ao de gorduras de má qualidade. Mas, hoje em dia, o mercado vegano possui muitos industrializados, produtos que contêm bastante sódio, açúcar e aditivos químicos que são ruins para a saúde e podem engordar.”

Crianças não podem praticar uma dieta vegana?

Mito. “A pessoa pode ser vegana em qualquer época da vida: crianças, adultos, idosos e gestantes”, afirma a nutricionista.

Veganos deixam de consumir proteína?

Mito. “Não consumir proteína não é compatível com a vida. Quando se fala em proteína, pensa-se logo em carne, leite e ovo, porém há muitas fontes vegetais de proteína. Ela está presente no feijão, arroz, quinoa, amaranto, leguminosas, lentilhas, algas, cogumelos, castanhas entre outros. Há ainda como suplementar, principalmente para os esportistas, que podem buscar a proteína em suplementos a base de arroz integral, de ervilha, quinoa e amaranto. Existem muitas opções no mercado”, esclarece Rafaela.

Vegano tem mais dificuldade de ganhar massa muscular?

Mito. “O vegano tem a mesma facilidade para ganhar massa que um onívoro. Basta ele alcançar a quantidade de proteínas necessárias para isso na dieta.”

Praticar a dieta vegana pesa mais financeiramente?

Depende. “Há bem pouco tempo atrás, chegava a ser mais barata que a dieta onívora pois, em geral, o mais caro na alimentação são as carnes e os laticínios. Porém, hoje a gente está numa época em que os grãos e oleaginosas (entenda-se castanhas, amêndoas, nozes etc), que são bem importantes na alimentação vegana, e também deveriam compor uma dieta onívora, estão caros. Considerando a retirada do valor da carne e a inclusão desses grãos e sementes, confesso que não sei dizer se ficaria equivalente ou mais caro. Uma alternativa que sugiro é buscar produtos da época em feiras livres (de preferência de produtos orgânicos, há muitas no Recife) e, dentro da variedade de grãos, optar pelos de melhor preço, procurando variar a dieta dentro do que é possível", finaliza a nutricionista.

Mais lidas