Alimentação

Vegetarianismo: um prato cheio de humanização e naturalidade

Rafael Paranhos
Rafael Paranhos
Publicado em 15/07/2016 às 8:33
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Recife ocupa a segunda posição do País com o maior número de adeptos ao vegetarismo e veganismo / Foto: Ricardo Labastier/ JC Imagem

Recife ocupa a segunda posição do País com o maior número de adeptos ao vegetarismo e veganismo Foto: Ricardo Labastier/ JC Imagem

 Uma prática que motiva um consumo mais humano e natural vem mudando o cardápio de alguns pernambucanos. Afinal, o que pesa na balança para uma pessoa adotar uma alimentação à base de vegetais? A resposta serve um prato cheio de razões para abrir mão da carne de origem animal e seus derivados. Por trás de um hábito alimentar, há vários motivos ligados à religião, meio ambiente, ética, relações espirituais ou até mesmo de saúde. Essa postura levou o Recife a registrar a maior porcentagem de adeptos no País, ocupando o segundo lugar com 11% da população, segundo o Ibope.

O vegetarianismo e o veganismo são duas formas de mudança alimentar, que visam eliminar todos os tipos de carnes e derivados da refeição. O adepto do vegetarianismo tem pelo menos quatro ramificações: ovolactovegetarianismo (utiliza ovos, leite e laticínios); lactovegetarianismo (consome leite e laticínios); ovovegetarianismo (se alimenta de ovos) ou vegetarianismo estrito (não utiliza nenhum produto de origem animal na sua alimentação). Já as pessoas adeptas do veganismo argumentam que essa é uma atitude para eliminar a exploração e "crueldade" dos animais para o consumo humano, seja na alimentação, vestuário ou para qualquer outra finalidade.

"Eu gosto tanto de animais (domésticos), que não vejo motivo para consumir  apenas 'alguns tipos'. Não consigo me imaginar fazendo essa seleção. Se é não para um, é não para todos", frisou a estudante Ingrid Firmino, de 23 anos, ao colocar todos os argumentos do vegetarianismo no prato há pelo menos dez meses. Depois de eliminar os alimentos de origem animal, ela diz que, em janeiro deste ano, parou de consumir alimentos derivados do leite, admitindo que são os mais difíceis de abrir mão. "A maioria dos alimentos tem leite. Inclusive, nada de chocolate", lamentou.


A estudante acreditava que seria difícil adotar o novo hábito, porém não sofreu com a mudança na alimentação. Ela conta que alguns alimentos da refeição foram substituídos. "Como macarrão à base de arroz. Além de consumir feijão separado porque o meu não tem carne, sendo feito apenas com verdura", ressaltou. Ela ainda diz que participa de alguns grupos de vegetarianos nas redes sociais, trocando experiências e receitas especiais.

Já para o educador Clayton Pernambuco, 39, constatou que a carne estava sendo a vilã na refeição, uma vez que deixava a digestão mais lenta. Para ele, mergulhar na onda do vegetarianismo foi fundamental para trabalhar a saúde do corpo. “Comecei deixando a carne, depois o frango. Logo em seguida, tirei o peixe do prato porque todas as proteínas estão nos vegetais”, lembrou. O educador ainda relatou que o processo de mudança não foi difícil, porém levou um tempo para se adaptar à nova realidade. “Deixei a carne no período de um ano, mas a gente tem que entender que cada pessoa tem o seu processo”.

Adepto do vegetarianismo há pelo menos três anos, Clayton diz que há uma variedade de nutrientes que podem substituir as proteínas presentes nas carnes. “Precisamos sair da ideia de que vegetarianos só comem alface. Hoje temos várias opções como a carne de jaca, cogumelo, estrogonofe de palmito (feito com leite de soja)”, esclarece. Para verificar as taxas sanguíneas, o educador também conta com uma nutricionista. Agora Clayton está em transição do vegetarianismo para o veganismo. "É mais fácil um carnívoro se tornar vegetariano do que o vegetariano em vegano. Um adepto do veganismo não come nenhum derivado de animal como ovos, mel e leite. Toda essas substâncias criam algum tipo de vício no organismo", explicou.

A nutricionista Marcele Madeiro orienta os novos adeptos a procurarem recomendações de um profissional para elaborar um cardápio adequado e específico. Ela ainda alerta para o risco de a pessoa desenvolver deficiência em algumas vitaminas e minerais. "Quem for aderir ao vegetarianismo ou veganismo pode ter déficit proteico. Isso pode acontecer, principalmente, se a dieta não for equilibrada, provocando deficiência em alguns nutrientes", explicou. 

Para Marcele, o indivíduo pode deixar de consumir algumas propriedades específicas presentes nos alimentos como o cálcio do leite, o zinco e a vitamina B12 presentes na carne. A nutricionista ainda esclarece que algumas pessoas podem tomar suplemento alimentar para auxiliar no equilíbrio de determinada deficiência de vitamina. Ela ainda garante que é possível ser saudável sendo vegetariano ou vegano.

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