O remédio é destinado para o tratamento da hepatite C, o Sofosbuvir, para distribuição no SUS Foto: Reprodução
- SUS oferecerá dois novos medicamentos para tratamento de hepatite C
- Autoridades dos EUA alertam para riscos de medicamentos contra hepatite C
- 409 pacientes serão beneficiados com três novas drogas contra hepatite C
- Pacientes com Hepatite C serão beneficiados com droga que promete 90% de cura
Em dezembro de 2013, o novo antiviral Sofosbuvir, com indicação para hepatite C, foi registrado pela primeira vez no mundo, nos Estados Unidos, seguindo-se a Europa. Jorge Bermudez disse que a diferença em relação aos tratamentos anteriores é que “esse efetivamente curava. Foi um grande avanço no tratamento da hepatite C, evitando transplante de fígado, cirrose, câncer hepático e uma série de complicações, substituindo um tratamento muito menos eficaz que existia, porque constava de injeções, com efeitos colaterais”.
O novo tratamento é oral: um comprimido por dia, durante 12 semanas, ou 84 dias. O problema é o alto custo do medicamento, que foi lançado no mercado ao preço de US$ 84 mil o tratamento completo ou US$ 1 mil por comprimido. Bermudez disse que todos os países reclamaram, inclusive o Brasil, porque isso tornava o tratamento inacessível.
As reclamações no mundo levaram a companhia detentora da patente, a Gilead, a sublicenciar o medicamento para 11 empresas farmacêuticas indianas produtoras de genéricos, para que elas pudessem produzi-lo a um preço 100 vezes menor. Em vez de US$ 84 mil, o tratamento sairia por US$ 840, segundo Bermudez, porém, limitado a 91 países, conforme determinação da companhia americana, o que excluiu 50 países que têm hepatite, inclusive o Brasil.
Isso deu início a várias iniciativas no mundo para conseguir desenvolver o produto mais barato, incluindo o Brasil, por meio da Fiocruz. Os estudos foram encaminhados para desenvolver um produto nacional, a preço mais baixo. As negociações efetuadas pelo Ministério da Saúde com a empresa farmacêutica reduziram o custo do tratamento completo de US$ 84 mil para US$ 7,5 mil, “que é muito menos, mas ainda é muito caro para o nosso SUS, que é gratuito, universal”, ponderou o vice-presidente da Fiocruz.
O acordo de cooperação técnico-científica com o consórcio BMK foi assinado na semana passada. Jorge Bermudez esclareceu que a distribuição do produto depende também da questão da patente, cujo pedido está pendente no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) e para cuja análise o ministério pediu prioridade. Informou que se a patente não for concedida à companhia farmacêutica multinacional, poderão ser fabricados diversos genéricos no Brasil.
“Podemos entregar ao SUS o produto feito aqui. Se tiver patente, vamos ter que discutir se cabe alguma medida, como licença compulsória, para poder comercializar um produto desses no Brasil”. A patente já foi contestada na Índia, na China, em vários países da Europa. A decisão será tomada quando sair o resultado do exame do pedido de patente pelo INPI, informou Bermudez.
A expectativa do governo é que o preço para o tratamento completo da hepatite C possa ficar abaixo de US$ 840, “ou em torno disso”. Conforme Bermudez, é certo que o preço no Brasil vai ficar abaixo de US$ 2 mil ou US$ 3 mil o tratamento, “mas não sabemos ainda se podemos bater o preço que os indianos produzem, considerando as condições de produção lá e aqui, de impacto ambiental, de salários e outros custos”.
De acordo com dados do Ministério da Saúde, cerca de 1,5 milhão de brasileiros têm o vírus da hepatite C, mas nem toda essa população necessita de tratamento imediato, explicou Bermudez. Um protocolo do Ministério da Saúde diz em quais casos o novo medicamento deve ser adotado.
RESPOSTA | A Gilead Sciences, empresa biofarmacêutica com foco em pesquisa de novas soluções para pessoas que vivem com doenças potencialmente fatais, informa que o medicamento Sovaldi® (Sofosbuvir), uma das maiores inovações no tratamento da hepatite C no mundo, já está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS) desde o ano passado, garantindo acesso ao tratamento da doença para milhares de pacientes no Brasil.
A Gilead negociou diretamente com o Governo Brasileiro, por meio de um acordo inédito no país com o Ministério da Saúde, um desconto de mais de 85% em relação ao preço aprovado pela própria CMED/Anvisa.
Este acordo possibilitou ao Ministério da Saúde triplicar o número de pacientes com hepatite C tratados anualmente no País, passando de 10 mil pacientes tratados para mais de 30 mil pacientes.
A companhia reitera seu compromisso de parceria com o Governo Brasileiro, sempre buscando a inovação contínua, além de garantir o acesso ao melhor tratamento disponível para os pacientes no País.