O vírus é capaz de ultrapassar a placenta da mãe. Foto: Johan Ordonez/AFP
Coordenado pela médica Lúcia Noronha, o Laboratório de Patologia Experimental da PUC-PR vem analisando amostras de placenta e de tecidos de fetos com microcefalia desde 2015. Neste carnaval, as pesquisas, feitas em regime de urgência, encontraram o vírus em duas amostras do tecido cerebral dos bebês, exatamente em pontos com inflamações. Antes, no fim de 2015, o laboratório já havia comprovado que inflamações na placenta da gestante eram causadas pelo vírus Zika.
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“Descartar completamente ou provar 100% essa relação só será possível quando tivermos muitas amostras com o mesmo padrão”, disse a pesquisadora, que integra também a Sociedade Brasileira de Patologia (SBP). Segundo a médica, por uma série de questões éticas e científicas, como a autorização dos pais para a coleta de tecidos de fetos com microcefalia e a particularidade de retirada de amostras do cérebro, as pesquisas não são tão rápidas, embora avançadas.
Com base em resultados de pesquisas internacionais, a professora acredita que o Brasil está no caminho certo para desvendar a Zika. Ela lembra que recentemente, o Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos (CDC, na sigla em inglês), e outro laboratório de patologia na Eslovênia também encontraram o vírus em cérebros de bebês com a malformação. As amostras avaliadas pelos pesquisadores norte-americanos foram cedidas pela Fiocruz e são parte das mesmas enviadas ao Paraná.
Na avaliação de Lúcia Noronha, é possível que as pesquisas ajudem na elaboração de uma vacina contra o vírus. Como os fetos são muito sensíveis a antirretrovirais, remédios que poderiam impedir a mãe de passar a Zika para o bebê, a médica aposta na imunização, além do combate de criadouros do mosquito Aedes aegypti, transmissor do vírus, nas cidades.
COMPLICAÇÕES DA ZIKA- A pesquisa da PUC-PR também não conseguiu identificar quais fatores fazem com que a Zika seja mais agressiva em algumas pessoas do que em outras. Em geral, 80% dos infectados desenvolvem apenas sintomas brandos da doença, como febre. Outros já foram notificados com síndromes graves, como a Guillain-Barré, doença autoimune, que paralisa os músculos e pode levar à morte.