Campanha do chef Jamie Oliver luta por educação alimentar nas escolas

A luta é para tornar obrigatória a inclusão de educação alimentar no currículo escolar, em todo o mundo. Segundo dados levantados pela campanha, existem mais de 42 milhões de crianças abaixo de cinco anos obesas ou com sobrepeso. Além disto, é estimado que a nova geração viverá menos do que a dos pais.

"Educando as crianças sobre comida de forma prática, divertida e envolvente, podemos prover-lhes o conhecimento e competências que eles precisam tão urgentemente para levar a vida de forma mais saudável e feliz. Por isso lançamos uma petição, chamando todos os países do G20 para agir. Com o apoio das pessoas ao redor do mundo, eu realmente acredito que podemos criar um movimento poderoso o suficiente para fazer os governos tomarem medidas", escreveu Jamie na página da campanha.

Para a coordenadora do curso de Gastronomia da Faculdade dos Guararapes (FG), Ângela Nankran, uma boa ideia seria promover aulas de culinária para as crianças, mostrando como é possível aproveitar melhor os alimentos e ingerir mais frutas e derivados de leite, necessários para o desenvolvimento. "É bom para a criança saber que ela mesma fez, ela se entusiasma. Para estimular a ingestão de salada, por exemplo, pode ser colorida, fazer uma carinha, um desenho", opina.

Além disso, Nankran sugere que a escola incorpore o tema alimentar a outras disciplinas do currículo, como aula de artes, comunicações e até matemática, por meio de exemplos e atividades. Reconhecendo a importância das ações no ambiente escolar, ela reforça que seja feita uma parceria com a família. "Além da orientação para as crianças, é necessária a participação dos pais, porque se eles não têm o hábito [de se alimentar de forma saudável], elas passam a não ter também", explica. Segundo ela, as escolas poderiam promover palestras e um bate-papo em família.

A opinião é compartilhada pela coordenadora do curso de Nutrição da Faculdade Pernambucana de Saúde (FPS), Fabrícia Padilha, que vê como o exemplo da família influencia muito fortemente na educação alimentar dos pequenos. "Na primeira infância, a família mostra e oferece os alimentos para formar o hábito alimentar da criança. Mas ela se espelha no hábito da família, então como vai comer [alimentos saudáveis] se não vê os pais comendo?", pontua.

Em relação às ações nas escolas, Padilha acredita que devem ser realizadas oficinas para contribuir na educação. "Uma vez por semana ou em alguns momentos específicos, os nutricionistas podem ir às escolas, apresentar os alimentos e a importância deles, para que os alunos entendam porque têm que comer frutas e brócolis, por exemplo", sugere.

Entre os países do G20, o Brasil é um dos que já deu "passos certos" neste sentido. Lançado em 1955, o Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) contribui por meio da transferência de recursos financeiros para Estados e municípios. A primeira parcela deste ano, de R$ 318 milhões, foi liberada no último domingo (10) e deverá ser repassada às secretarias estaduais. Outros países, como Inglaterra, México, Japão e Finlândia também registraram progresso em programas nacionais pela educação alimentar.

Nas escolas administradas pelo Governo de Pernambuco, uma equipe de nutricionistas realiza, semanalmente, trabalho de acompanhamento, planejamento nutricional e pedagógico juntos às 1.049 escolas da rede estadual. Além da merenda, de acordo com a Secretaria Estadual e Educação, os conteúdos de educação alimentar são trabalhados na disciplina de Ciências. Cadernos com orientações sobre o tema também fazem parte dos componentes curriculares, segundo a pasta.

Mais de 80 mil alunos de 337 creches e escolas do Recife são atendidos por uma Gerência de Alimentação Escolar (GEAL), que faz o acompanhamento nutricional das unidades de ensino. Os cardápios da merenda, de acordo com a nutricionista chefe de Divisão de Qualidade e Adequação da GEAL, Elisângela Dias, são integrados com campanhas educativas.  "Elaboramos o cardápio fornecendo os nutrientes nas proporções necessárias de carboidratos, proteínas e fibras. Aumentamos a oferta de frutas, fazemos restrição de sal, açúcar e gordura. Quando vemos que algum alimento específico não está sendo aceito, fazemos uma campanha sobre a importância dele", explica.

Segundo a coordenadora do Programa Saúde na Escola (PSE) do Recife, Domitila Andrade, o grupo vai para dentro das instituições de ensino. "Isso pode ser feito através de palestras, vídeos, brincadeiras, recreações e outras atividades para estimular as crianças", explica. Escolas que ficam próximas a Academias da Cidade levam os estudantes para praticar exercícios no equipamento. Este tipo de ação educativa é realizada mensalmente, de acordo com requisição da unidade de ensino ou demanda voluntária.

HINO - Para impulsionar o Food Revolution Day, Jamie convidou o cantor Ed Sheeran, que compôs um hino para a campanha, com participação do ex-beatle Paul McCartney no baixo, Jamie Cullum no piano e as vozes de Alesha Dixon, Professor Green, Jazzie B, George The Poet, US The Duo, Mr Hudson, DJ MK e Chen’Elle, além do ator Hugh Jackman e do coro infantil London Youth Choir. Veja o vídeo de divulgação:

Até a publicação desta matéria, a petição contava com 1.269.363 assinaturas, de 196 países diferentes. Para assinar, acesse o site da campanha.