Hospital Oswaldo Cruz

Com ebola descartado, paciente aguarda exames para chikungunya

Benira Maia
Benira Maia
Publicado em 12/11/2014 às 12:25
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Paciente está no Hospital Universitário Oswaldo Cruz, no Recife, esperando exames / Foto: TV Jornal

Paciente está no Hospital Universitário Oswaldo Cruz, no Recife, esperando exames Foto: TV Jornal

O trabalhador da construção civil G.V.S., 44 anos, que foi tratado como caso suspeito de ebola - já descartado - em Caruaru, no Agreste de Pernambuco, nessa terça-feira (11), aguarda a realização de exames no Hospital Universitário Oswaldo Cruz, no bairro de Santo Amaro, área central do Recife, onde está na enfermaria. Ele já passou por teste rápido de malária, que deu negativo. De acordo com o médico infectologista Demetrius Montenegro, a suspeita é de que o paciente esteja com a febre chikungunya. 

"O resultado do hemograma deu que as plaquetas estavam baixas, isso é um indicativo", explicou. O sangue de G.V.S. deverá ser recolhido em breve para passar pelo exame sorológico que irá confirmar ou negar a doença. "Como ele começou com os sintomas ontem, se coletar hoje (quarta) pode dar negativo", afirmou, sem dar previsão de data.

Parecida com a dengue, a chikungunya também é transmitida pelo mosquito Aedes aegypti. Seus sintomas também são semelhantes, com dores mais fortes nas articulações, que inflamam. 

A febre chikungunya pode afetar pessoas de todas as idades e ambos os sexos. Entretanto os indivíduos com comorbidades (doenças subjacentes, como diabetes, hipertensão) são mais vulneráveis ao vírus e, consequentemente, podem sofrer mais com a evolução da doença, que pode matar. Como a transmissão acontece a partir do mesmo mosquito responsável pela dengue, em 2% dos casos foi registrado que o paciente foi infectado pelas duas doenças.

Homem foi levado para o Recife

Homem foi levado para o RecifeFoto: Divulgação

Segundo Montenegro, o paciente teve febre durante a madrugada desta quarta, mas passa bem: "Ele está conversando, se alimentando bem, disposto. Está tranquilo mesmo com essa situação. Começou com uma tosse com secreção, que é característica de qualquer quadro de infecção".

O caso que assustou a população caruaruense deu-se, segundo o médico, por uma confusão com o nome do país: "Existe a Guiné Equatorial, que foi a que ele disse que veio, a Guiné-Bissau e a Guiné, que é onde tem a epidemia de ebola. Mas o paciente não esteve nos países infectados nem teve contato com ninguém que esteve lá". 

Ainda de acordo com Demetrius Montenegro, o sangue do homem não chegou a ser coletado para exame de ebola. "O protocolo do ebola não foi iniciado porque precisa ter o mínimo de indicativo. Ele é muito bem traçado; então, se nem da área de epidemia [o paciente] veio, não precisa pensar nisso", explicou.

G.V.S. deu entrada ontem na UPA do Vassoural, em Caruaru

G.V.S. deu entrada ontem na UPA do Vassoural, em CaruaruFoto: Divulgação/SES

G.V.S. foi transferido para o Recife para passar por tratamento após a Secretaria de Saúde de Caruaru isolar preventivamente a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Vassoural, bairro de mesmo nome, em Caruaru. Ele deu entrada na unidade de saúde com quadro de febre e informando que tinha vindo da África.

PROCEDIMENTOS - De acordo com o protocolo do Ministério da Saúde, quando é detectato um caso suspeito de ebola, um protocolo de avaliação é feito e duas amostras de sangue, coletadas. Um dos materiais é enviado em avião da Força Aérea Brasileira (FAB) para o Laboratório do Instituto Evandro Chagas, em Belém (PA) – único credenciado no País para fazer o teste do ebola. O outro material colhido é utilizado e para exames do tipo sanguíneo e de malária (doenças de sintomas parecidos com o ebola).

Caso seja confirmada o ebola, o paciente é transportado de avião para o Hospital da Friocruz, no Rio de Janeiro, que ficará responsável em tratar todos os pacientes do País. O mesmo procedimento padrão foi realizado nos outros dois casos suspeitos de ebola (também negados) do Brasil, detectados no Paraná, no início de outubro.

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