reeducação alimentar

Regimes ''milagrosos'' exigem atenção e acompanhamento médico

NE10
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Publicado em 23/01/2013 às 12:28
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Janeiro e fevereiro são os meses da dieta para boa parte dos pernambucanos. Com as praias lotadas, aqueles que querem aproveitar o calor usando menos roupa tentam ficar em forma rapidamente. Para isso, alguns procuram dietas rápidas e fórmulas mágicas. O problema é que depois o regime fantástico acaba e a barriga acaba voltando. Assim, endocrinologistas apontam a reeducação alimentar como a receita mais eficaz.

Há quem conteste a orientação médica afirmando que já emagreceu vários quilos ao passar vários dias só tomando sopas ou shakes. Existem ainda os que apelaram para os remédios e atingiram o objetivo. Mas, de acordo com o chefe do serviço de obesidade e metabologia do Hospital das Clínicas, o endocrinologista Luciano Teixeira, o sucesso imediato pode ter um "efeito reverso", provocando um maior acúmulo de gordura com o passar do tempo.

Foi o que aconteceu com a funcionária pública Rossana Potter, de 52 anos, que já fez vários tipos de dietas e até chegou a optar pelos medicamentos há pouco mais de 20 anos, quando engordou cerca de 18 quilos durante as gestações dos três filhos - hoje com 21, 25 e 26 anos. "Sou uma pessoa muito ansiosa e sempre desconto na comida. Acho que o remédio age sobre isso. O problema é que, ao parar, a ansiedade fica ainda pior", afirma.


Rossana era magra quando jovem, mas engordou ao engravidar. Depois de várias dietas malsucedidas, resolver reeducar sua alimentação (Fotos: acervo pessoal)

Depois da frustração com os medicamentos, Rossana já fez vários regimes radicais, mas sempre volta a ganhar peso. "Essas dietas não dão certo porque exigem uma disciplina muito grande. Chega uma hora que quero jogar tudo para o alto e paro. Se alguém quiser passar a vida se privando de tudo, tem que ter muita concentração, não é para todo mundo", diz.

A funcionária pública agora tenta manter hábitos alimentares mais saudáveis, com acompanhamento médico. "Quando sou proibida de comer alguma coisa, fico na tentação. Adoro cuscuz e aprendi que às vezes posso comer no café da manhã. Quando faço isso, tomo mais cuidado na hora do almoço", explica. Rossana agora planeja começar a caminhar e fazer pilates.

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Na hora de iniciar novos hábitos à mesa, o primeiro passo é contrário ao seguido pela funcionária pública nos primeiros regimes. De acordo com o endocrinologista Luciano Teixeira, a orientação é consultar um médico ou um nutricionista para iniciar a reeducação alimentar. "Todos deverão passar por um exame físico cuidadoso. A história clínica pessoal e familiar também devem fazer parte da avaliação, assim como os exames laboratoriais para identificar diabetes, distúrbios do colesterol, entre outras doenças", explica.

Devido aos cuidados que devem ser tomados, o médico sugere ainda que os pacientes não devem seguir as dicas de livros e revistas que propõem planos mirabolantes de perda de peso em poucos dias. "Os livros têm uma trajetória de sucesso e depois caem em descrédito, pois não têm resultado a longo prazo", afirma Luciano Teixeira. Mais de 400 títulos sobre o assunto foram publicados nos últimos 10 anos.

Boa parte do material sobre dietas indica a restrição a alguns tipos de alimentos, resultando na deficiência nutricional. "A dieta ideal é aquela que seja balanceada em proteína, lipídeos, carboidrato e, principalmente, que seja hipocalórica quando o paciente quer perder peso", diz o endocrinologista.

Veja abaixo algumas orientações do médico para a sua reeducação alimentar:

Dicas
Procurar acompanhamento médico e nutricional
Evitar ficar sem comer ou deixar de ingerir qualquer tipo de nutriente
Fazer uma dieta balanceada, associada à prática de exercícios
Beber muita água (de 10 a 12 copos por dia), mas não em excesso

MITOS - Há quem indique a ingestão de líquidos para evitar a fome. Segundo Luciano Teixeira, no entanto, essa atitude não tem respaldo nos estudos de medicina. "Tomar água em excesso para diminuir a fome só vai 'dilatar' o estômago e não vai nutrir o indivíduo. Dessa forma, a sensação de fome vai persistir", explica.

Normalmente, entre 10 e 12 copos com água por dia são o número ideal para manter o corpo hidratado. Quem bebe mais que essa quantidade corre o risco de desenvolver polidipsia psicogênica, uma doença que pode levar à arritmia cardíaca e, consequentemente, à morte.

A restrição aos carboidratos também é recorrente nas dietas. Entretanto, segundo Luciano Teixeira, deixar qualquer nutriente de lado não é eficaz a longo prazo. "O ganho de peso após essa ausência dos carboidratos é rápida e geralmente para um peso maior que o anterior. Então, vem o perigo da dieta, que pode levar a pessoa a engordar ainda mais depois que acaba e não conseguir manter o peso", justifica.

OBESIDADE - Uma em cada 12 pessoas corre o risco de sofrer infartos e ter doenças cardíacas ou adquirir câncer devido à obesidade, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), vinculada às Nações Unidas. Já incluída no Código Internacional de Doenças (CID), a obesidade deve ser tratada por endocrinologistas. De acordo com Luciano Teixeira, essa é uma doença crônica que não tem cura, mas pode ser controlada. A causa é multifatorial e dois dos sintomas são a preferência por alimentos hipercalóricos e a compulsão alimentar.

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