Conflito

Penitenciária de Alcaçuz fica perto de importantes pontos turísticos do RN

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Publicado em 19/01/2017 às 13:15
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Penitenciária fica muito próxima do Maior Cajueiro do Mundo, um dos pontos turísticos obrigatórios do RN / Foto: Reprodução / Kekanto

Penitenciária fica muito próxima do Maior Cajueiro do Mundo, um dos pontos turísticos obrigatórios do RN Foto: Reprodução / Kekanto

Penitenciária fica há aproximadamente uma hora e meia da Praia de Pipa, uma das mais bem avaliadas do Brasil

Penitenciária fica há aproximadamente uma hora e meia da Praia de Pipa, uma das mais bem avaliadas do BrasilFoto: Reprodução / TV Brasil

Cenário de conflito entre facções rivais, a Penitenciária Estadual de Alcaçuz fica próxima de importantes pontos turísticos do Rio Grande do Norte (RN). O presídio está localizado na cidade de Nísia Floresta, nas imediações da capital Natal, região que sempre se enche de viajantes e turistas nesta época de verão.

A tensão, no entanto, não fez os turistas, que procuram o RN, desistirem de passar as férias de verão, mesmo nas praias mais próximas da penitenciária, como Pirangi do Sul, que fica em Parnamirim, que faz limite com Nísia Floresta. "Ficamos um pouco apreensivos por causa da possibilidade de fuga, já que quem sai da região de Alcaçuz de carro, passa por aqui, mas isto também não esvaziou as ruas", explica a pernambucana Patrícia Martins, que mora em Natal e está passando o verão na praia.

A praia de Pirangi do Sul, inclusive, é um dos locais mais badalados do Rio Grande do Norte, onde são realizados grandes shows, como o que acontecerá neste final de semana, com Wesley Safadão, no Circo da Folia. A penitenciária também fica muito próxima do Maior Cajueiro do Mundo, um dos pontos turísticos obrigatórios do Rio Grande do Norte, bem como do Parque das Dunas. Além disso, o local fica a aproximadamente uma hora e meia da Praia de Pipa, uma das mais bem avaliadas do Brasil, segundo o TripAdvisor.

Sentimento é de medo em distrito vizinho à penitenciária

Não mais que 15 metros distante do quintal da aposentada Terezilda Freire, de 73 anos, está a muralha da Penitenciária de Alcaçuz. De dentro da casa dela, anteontem no início da tarde, era possível ver parte dos detentos que ocupavam o telhado do pavilhão 3 e se revezavam como numa guarda para observar o movimento dos rivais nos pavilhões 4 e 5 e evitar novo ataque.

Da parte dela, o único sinal de preocupação foi um portão que deixou fechado, mas amanheceu aberto no início da semana. "Devem ter sido os agentes fazendo buscas", afirma.

O distrito de Hortigranjeira, em Nísia Floresta, na Grande Natal, foi formado a partir de um assentamento. É mais antigo que a penitenciária, de 1998. 

Acessado por estrada de barro a partir de pistas que levam a praias do litoral sul, o distrito vê a rotina ser interrompida sempre que há fugas. E não são poucas: em 2016, 102 escaparam em 14 ocorrências. "Minha irmã me ligou na segunda dizendo que vinha me tirar daqui para passar uma semana com ela em Natal. Mas, por enquanto, vou ficando", acrescenta Terezilda.

As consequências de ter a maior cadeia do Estado no quintal traumatizaram o pedreiro Francisco da Silva, de 28 anos. Há quatro anos, enquanto tentava controlar uma tentativa de fuga, segundo ele conta, a Polícia Militar fez disparos. Uma das balas atravessou a janela de uma casa que ele construía e o estilhaço do projétil o atingiu no queixo. Não ficou com sequelas - ao menos, não físicas. "Meu maior medo aqui é a polícia. Os bandidos são perigosos, mas fogem e não nos afetam em quase nada. Já a polícia, pouco preparada, faz disparos para qualquer canto, podendo atingir qualquer um."

Ele não se mudou e pode atribuir a decisão à mulher, a enfermeira Ana Costa, de 27 anos. Para ela, a penitenciária é sinônimo de segurança, com rondas diárias na vila. "Tem vezes que acontecem coisas na cadeia e a gente só vai saber porque deu no jornal", diz ela. Desde sábado, seu filho, de 3 anos, não dorme com as sirenes que varam a noite em operações.

Penitenciária de Alcaçuz vira palco de conflito entre facções rivais

Desde o último final de semana, unidades prisionais do Rio Grande do Norte são palco de confrontos e ameaças entre presos membros de facções criminosas rivais. De sábado para domingo, pelo menos 26 presos que cumpriam pena na Penitenciária Estadual de Alcaçuz foram assassinados por outros detentos durante uma rebelião de mais de 14 horas de duração. Desde então, presos circulam livremente pelo pátio da unidade, portando facas, barras de ferro e paus. As autoridades estaduais de segurança pública desconfiam que o número de mortos no confronto entre presos pode ser maior e que corpos podem ter sido jogados em fossas de esgoto na área interna do presídio.

O governo do Rio Grande do Norte pediu ao governo federal o envio de equipes das Forças Armadas para auxiliar as forças locais a inspecionarem o interior dos presídios estaduais em busca de armas, aparelhos celulares, drogas e outros produtos e substâncias proibidas. Tropas da Força Nacional de Segurança Pública também já atuam no estado desde setembro do ano passado, auxiliando a Polícia Militar no policiamento ostensivo.

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