Terror

Autor do atentado em Londres foi investigado por extremismo

Arlene Carvalho
Arlene Carvalho
Publicado em 23/03/2017 às 8:00
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Tributo às vítimas do atentado da última quarta (22), em Londres. / Foto: JUSTIN TALLIS / AFP

Tributo às vítimas do atentado da última quarta (22), em Londres. Foto: JUSTIN TALLIS / AFP

A primeira-ministra britânica, Theresa May, revelou nesta quinta-feira (23) que o autor do atentado de Londres era um britânico que já havia sido investigado, durante um discurso no Parlamento no qual lançou: "não temos medo".

O autor era um britânico "que há anos foi investigado uma vez pelo Mi5 (serviços de inteligência) por suspeitas de violência extremista", disse May.

A rainha da Inglaterra, Elizabeth II, condenou em um comunicado a "terrível violência" do atentado. A rainha expressou seus pêsames a "todos aqueles afetados pela terrível violência de ontem", em um comunicado no qual anuncia a suspensão de uma visita ao quartel-general da polícia em função dos acontecimentos de quarta-feira.

Mulher de origem espanhola entre os mortos

Uma das três vítimas fatais do atentado foi a britânica de origem espanhola Aysha Frade, de 43 anos, professora e mãe de duas meninas. "Estamos profundamente entristecidos e comovidos com a notícia de que uma das vítimas era uma de nossas funcionárias, Aysha Frade", disse Rachel Borland, diretora do DLD College, onde a vítima trabalhava. "Frade era muito querida e respeitada", completou Borland.

"Trata-se de uma cidadã britânica filha de uma cidadã espanhola", explicou à AFP o Escritório de Informação Diplomática em Madri. "Os familiares estão na Galícia", no noroeste da Espanha, acrescentou. Segundo sua prima Ana, entrevistada nesta quinta-feira pela rádio espanhola Cope, Aysha era casada e mãe de duas meninas de 7 e 9 anos. Suas irmãs vivem em Betanzos, uma localidade galega na qual têm uma escola de inglês.

Oito detidos

Oito pessoas foram detidas em seis residências na Grã-Bretanha no âmbito da investigação do atentado em Londres, anunciou nesta quinta-feira a polícia britânica. As investigações acontecem em Londres, Birmingham e outros pontos do país, afirmou em uma entrevista coletiva Mark Rowley, comandante da unidade antiterrorista da Scotland Yard.

A imprensa britânica já havia informado algumas horas antes sobre uma grande operação policial em Birmingham, que teria resultado em várias detenções. Esta cidade do centro da Inglaterra possui uma das maiores comunidades islâmicas do país. Mohamed Abrini, um dos autores dos atentados de Bruxelas e Paris, morou em Birmingham. Até o momento, nenhum grupo reivindicou o atentado, mas como aconteceu em 2016, em uma feira de Natal de Berlim (com 12 mortos) e na cidade francesa de Nice (86 mortos), o criminoso utilizou um veículo para executar o ataque.

"O atentado tem características similares aos que vimos recentemente em Nice e Berlim. É necessário constatar que o grupo Estado Islâmico não reivindicou ainda o atentado, apesar de ter aplaudido o ato ontem", disse à AFP Emily Winterbotham, pesquisadora do centro de análises RUSI, com sede em Londres. "Estes agressores atuam sozinhos na operação, mas não no que diz respeito à inspiração e planejamento. É possível que tenha recebido apoio de várias fontes", completou. Este foi o ataque mais violento no Reino Unido desde os atentados suicidas de 7 de julho de 2005 em Londres, que deixaram 56 mortos, incluindo os quatro homens-bomba.

Mais policiais nas ruas

A área de Westminster, com o Big Ben, a sede do Parlamento e a maioria de ministérios e prédios do governo, é muito procurada por turistas, além do elevado número de funcionários. O perímetro ao redor do Parlamento permanece, no entanto, isolado e a estação de metrô de Westminster fechada ao público. A ponte de Westminster, onde os investigadores continuam trabalhando, também está fechada ao público.

O aumento da presença policial na cidade era visível e as manchetes de todos os jornais eram dominadas pelo atentado: "Terror em Westminster" (The Guardian) ou "O maníaco que esfaqueou o Reino Unido no coração" (The Sun). "Me tranquiliza ver tantos policiais nas ruas, definitivamente há nervosismo, você consegue sentir", declarou à AFP Jason Llewelyn, funcionário do governo que seguia para o trabalho, perto do local do ataque. "Passo todas as manhãs pela ponte de Wesminster e é evidente que aqui aconteceu algo muito grave", completou.

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