Proibição

Coreia do Norte proíbe saída de malaios e aumenta a tensão

Arlene Carvalho
Arlene Carvalho
Publicado em 07/03/2017 às 8:16
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A relação diplomática entre os dois países está cada vez pior desde o assassinato em 13 de fevereiro, no aeroporto Kuala Lumpur, de Kim Jong-nam, meio-irmão do líder norte-coreano Kim Jong-un. / Foto: AFP

A relação diplomática entre os dois países está cada vez pior desde o assassinato em 13 de fevereiro, no aeroporto Kuala Lumpur, de Kim Jong-nam, meio-irmão do líder norte-coreano Kim Jong-un. Foto: AFP

A Coreia do Norte proibiu nesta terça-feira (7) a saída de seu território dos cidadãos da Malásia, desencadeando uma medida recíproca de Kuala Lumpur contra funcionários diplomáticos norte-coreanos, o que aumenta ainda mais a tensão bilateral. A relação diplomática entre os dois países são cada vez piores desde o assassinato em 13 de fevereiro, no aeroporto Kuala Lumpur, do meio-irmão do líder norte-coreano Kim Jong-un.

"Se proibirá a saída do país de todos os cidadãos malaios presentes na República Popular Democrática da Coreia até que o incidente ocorrido na Malásia seja adequadamente resolvido", informou a chancelaria norte-coreana, citada pela agência oficial KCNA. Após o anúncio de Pyongyang, o governo malaio anunciou uma medida similar, mas limitada aos funcionários da embaixada norte-coreana em Kuala Lumpur. "Nenhum oficial ou funcionário da embaixada da DPRK (Coreia do Norte) está autorizado a abandonar o país", informou o ministério do Interior malaio em nota oficial.

De acordo com a KCNA, a chancelaria norte-coreana expressou a esperança de que o governo malaio resolva a questão "de maneira justa e baseada na boa vontade".

Reféns

Enquanto durar a proibição de saída de seu território, garante Pyongyang, os diplomatas e cidadãos malaios poderão "trabalhar e viver normalmente". O primeiro-ministro da Malásia, Najib Razak, criticou a medida e afirmou que os cidadãos de seu país viraram "reféns" da Coreia do Norte. "Este ato aberrante, de tomá-los de fato como reféns, é totalmente contrário ao direito internacional e às normas diplomáticas", afirmou em um comunicado o chefe de Governo malaio.

Durante anos, Pyongyang e Kuala Lumpur tiveram uma boa relação, que esfriou após o assassinato de Kim Jong-nam por duas mulheres que aplicaram o agente nervoso VX no meio-irmão do ditador norte-coreano. As câmeras de segurança do aeroporto mostraram duas mulheres se aproximando da vítima e lançando algo em seu rosto. Segundo Kuala Lumpur, Kim Jong-nam faleceu em menos de 20 minutos e sua morte provavelmente foi muito dolorosa. As duas mulheres, uma vietnamita de 28 anos e uma indonésia de 25, estão detidas acusadas de assassinato.

Expulsão do embaixador

Desde o início do caso, a Coreia do Sul acusa o vizinho do Norte pelo assassinato e cita uma suposta ordem permanente de Kim Jong-un para matar o meio-irmão exilado. Kuala Lumpur deseja interrogar vários norte-coreanos que considera suspeitos, mas o único cidadão do país detido foi liberado por falta de provas. Pyongyang não confirmou até o momento a identidade do homem assassinado e denunciou a investigação malaia como uma tentativa de prejudicar sua imagem.

A Malásia expulsou na segunda-feira (6) o embaixador norte-coreano e a Coreia do Norte respondeu com uma medida similar em relação ao embaixador malaio. O embaixador norte-coreano na Malásia, Kang Chol, abandonou o país na segunda-feira em um voo da companhia nacional em direção a Pequim. A Coreia do Norte rejeitou as conclusões da necropsia e sustenta que a vítima faleceu de um ataque cardíaco. Pouco antes de deixar a Malásia, o embaixador da Coreia do Norte reiterou as críticas à investigação.

Kang Chol insistiu que a investigação foi "mal orientada pela polícia. Realizaram uma necropsia sem o consentimento e a participação da embaixada da Coreia do Norte e detiveram posteriormente um cidadão norte-coreano sem provas sobre seu envolvimento no incidente". A tensão chegou ao esporte. O governo malaio proibiu a seleção nacional de futebol de disputar uma partida das eliminatórias da Copa Asiática em Pyongyang, alegando ameaças à segurança de seus cidadãos.

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