A polícia afirma que um suicida entrou no santuário e acionou os explosivos entre os fiéis Foto: AFP
Um atentato suicida reivindicado pelo grupo Estado Islâmico (EI) deixou ao menos 70 mortos e mais de 200 feridos nesta quinta-feira (16), em um santuário sufi, no sul do Paquistão.
O ataque aconteceu no santuário de Lal Shahbaz Qalandar, em uma cidade de Sehwan, na província de Sindh, 200 quilômetros a nordeste da capital Karachi.
Os serviços de emergência chegaram em ambulâncias a Sehwan para atender aos feridos, já que o hospital mais próximo se encontra a 130 quilômetros.Uma fonte policial explicou que um suicida entrou no santuário e acionou os explosivos entre os fiéis. O lugar estava cheio nesta quinta-feira, dia de orações considerado sagrado para essa comunidade, ramo místico do Islã que alguns grupos radicais consideram herege.
A explosão deixou pelo menos 70 mortos e 250 feridos, 40 deles gravemente, informou o ministro da Saúde da província de Sindh, Sikandar Ali Mandhro.
Trata-se do atentado mais sangrento no Paquistão desde o início do ano.
O grupo extremista sunita Estado Islâmico (EI) reivindicou rapidamente sua autoria, por meio de sua agência de propaganda Amaq.
"Alguns corpos estavam decapitados, desmembrados, e os feridos gritavam de dor enquanto pediam ajuda", contou Haq Nawaz Khan Solangi, que testemunhou a tragédia.
"Parecia que tinha chegado o dia do Juízo Final, os corpos jaziam em poças de sangue", lembrou.
'Covarde e vergonhoso'
O primeiro-ministro paquistanês, Nawaz Sharif, condenou o ataque, rapidamente, em um comunicado.
"Um atentado contra um de nós é um ataque contra todos nós", declarou.
"Os últimos dias foram difíceis, e meu coração está com as vítimas. Mas não podemos permitir que esses eventos nos dividam, ou nos assustem", acrescentou.
O Paquistão vive uma melhora considerável em relação à segurança nos últimos dois anos, mas uma série de ataques nesta semana sacudiu a crescente sensação de otimismo. A maioria foi revindicada pelos talibãs paquistaneses.
O presidente do Paquistão, Mamnoon Hussainm, assegurou que "as operações contra os terroristas continuarão em todo o país".
O embaixador americano em Islamabad qualificou o atentado de "covarde e vergonhoso".
Após o ataque, o Paquistão decidiu fechar suas fronteiras com o Afeganistão, acusado por Islamabad de acolher extremistas paquistaneses.
Talibãs reivindicam ataques
Além do atentado contra o santuário, um artefato explosivo de fabricação caseira explodiu nesta quinta, enquanto um comboio militar passava pela instável província do Baluchistão, matando três soldados e ferindo outros dois, indicou o Exército.
E, em Dera Ismail Khan, quatro policiais e um civil morreram pelas mãos de homens armados que andavam de moto.
Jammat-ul-Ahrar, uma facção dos talibãs do Paquistão, reivindicou vários ataques esta semana, incluindo um atentado suicida em Lahore, que deixou 13 mortos e vários feridos.
Na quarta-feira (15), quatro terroristas suicidas executaram um ataque no noroeste do Paquistão, matando seis pessoas.
Os atentados deixam em evidência a luta do Paquistão para acabar com o extremismo, que se intensificou depois do maior ataque ocorrido no país. Nesse episódios, talibãs paquistaneses atacaram uma escola em Peshawar em 2014. Mais de 150 pessoas morreram, crianças e adolescentes em sua maioria.
O Exército intensificou uma operação aguardada durante muito tempo nas zonas tribais semiautônomas, onde os insurgentes agiam sem impunidade, e o governo lançou um Plano de Ação Nacional contra o extremismo.
Muitos críticos advertem que as medidas não tratam as causas profundas do extremismo, e que grupos como os talibãs paquistaneses - e, cada vez mais, o Estado Islâmico - ainda podem cometer grandes atentados.