Investigação

Suspeita de matar meio-irmão de líder da Coreia do Norte é detida

Arlene Carvalho
Arlene Carvalho
Publicado em 15/02/2017 às 7:34
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Kim Jong-Nam, meio-irmão do líder da Coreia do Norte, foi morto na última segunda-feira (13). / Foto: Toshifumi Kitamura/ AFP

Kim Jong-Nam, meio-irmão do líder da Coreia do Norte, foi morto na última segunda-feira (13). Foto: Toshifumi Kitamura/ AFP

Os policiais malaios que investigam a morte do meio-irmão do líder norte-coreano Kim Jong-un detiveram uma suspeita nesta quarta-feira (15), após este assassinato que Seul atribui a agentes da Coreia do Norte. Enquanto a Coreia do Sul mencionou que a vítima havia sido envenenada por espiãs norte-coreanas, a polícia de Kuala Lumpur anunciou a detenção de uma mulher com passaporte vietnamita. 

A detenção ocorreu 24 horas após o anúncio da morte de Kim Jong-nam, de 45 anos, filho mais velho do falecido líder Kim Jong-il, que vivia no exílio há anos. Alguns meios de comunicação disseram que um líquido foi lançado contra o rosto da vítima.

O assassinato, ocorrido na segunda-feira, dias antes das celebrações na Coreia do Norte pelo nascimento de Kim Jong-il, foi apresentado por Seul como uma prova da "brutalidade da natureza desumana" do regime de Pyongyang. As imagens das câmeras de segurança publicadas pela imprensa malaia mostram uma asiática, apresentada como uma das suspeitas, vestida com uma camiseta branca com as letras "LOL" estampadas. 

O chefe da polícia malaia, Khalid Abu Bakar, declarou que Doan Thi Huong, de 28 anos, havia sido detida no aeroporto de Kuala Lumpur na manhã desta quarta-feira, mas não explicou por que a mulher estava no aeroporto dois dias após o crime. A asiática foi "formalmente identificada a partir das imagens das câmeras de segurança do aeroporto e estava sozinha no momento da detenção".

Dor de cabeça

Nesta quarta-feira (15) era realizada a necropsia do corpo da vítima, em Kuala Lumpur. Trata-se da personalidade mais importante assassinada pelo governo de Kim Jong-un desde a execução, em dezembro de 2013, de seu tio, Jang Song-thaek, outrora número dois oficioso do regime. A polícia malaia explicou que a vítima estava no hall de embarque do aeroporto quando o ataque ocorreu. Ali, disse "que alguém havia agarrado sua cabeça por trás e que jogou um líquido em seu rosto", declarou o chefe da polícia criminal do estado de Selangor, Fadzil Ahmat, segundo o jornal malaio The Star.

"Pediu ajuda e imediatamente foi enviado à clínica do aeroporto. Neste momento, disse que tinha dor de cabeça e parecia estar prestes a desmaiar", contou. "Na clínica (do aeroporto) sofreu um ataque cardíaco. Foi colocado em uma ambulância e quando estava a caminho do hospital de Putrajaya morreu".

Desgraça

Por certo tempo, Kim Jong-nam foi considerado o herdeiro do regime de Pyongyang. Mas caiu em desgraça depois de protagonizar um incidente embaraçoso para o regime comunista em 2001, quando tentou, sem sucesso, viajar ao Japão com um passaporte falso da República Dominicana para visitar o parque de diversões Disneyland. Desde então, Kim Jong-nam viveu no exílio com sua família, em Macau, Cingapura e China. Aparentemente, viajava com frequência a Bangcoc, Moscou e Europa. No fim do governo de seu pai se mostrou crítico ao sistema dinástico do regime norte-coreano. Além disso, expressou suas dúvidas a respeito da capacidade de seu meio-irmão quando este assumiu o poder, no fim de 2011. Os anúncios de expurgos, execuções e desaparecimentos - alguns confirmados, outro não - são frequentes desde então. Em 2012, Kim Jong-nam escreveu a Kim Jong-un para implorar que ele perdoasse sua vida e a de sua família, afirmaram nesta quarta-feira deputados sul-coreanos após uma reunião com o diretor dos serviços de espionagem sul-coreanos.

Segundo Cheong Seong-Jang, pesquisador do Instituto Sejong, um grupo de reflexão de Seul, é "impensável" que o assassinato tenha sido cometido sem uma ordem direta de Kim Jong-un. O crime, considerou, provavelmente foi motivado pelas informações recentes de que Kim Jong-nam teria tentado, desde 2012, desertar nos Estados Unidos, União Europeia ou Coreia do Sul. Em Pyongyang, começaram os festejos pelo aniversário, na quinta-feira, do nascimento de Kim Jong-il, mas ninguém mencionou a morte trágica de seu primogênito. Nos cartazes que decoravam uma exibição de patinação artística, que contou com a presença de quase 3.000 funcionários, estavam escritas as palavras "Paz", "Independência" e "Amizade".

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