Síria

Mais civis deixam cidade síria de Aleppo antes de votação na ONU

Luana Nova
Luana Nova
Publicado em 19/12/2016 às 11:19
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No reduto rebelde ainda estariam quase 40.0000 civis e entre 1.500 e 5.000 combatentes junto a suas famílias / Foto: AFP

No reduto rebelde ainda estariam quase 40.0000 civis e entre 1.500 e 5.000 combatentes junto a suas famílias Foto: AFP

Mais de 3.000 pessoas saíram na manhã desta segunda-feira do último reduto rebelde no leste de Aleppo cercado pelo regime, à espera da votação de uma resolução da ONU que permita supervisionar as operações.

"Entre 1.200 e 1.300 pessoas foram retiradas nas primeiras horas desta segunda-feira", anunciou à AFP o doutor Ahmad al-Dbis, diretor da unidade de médicos e voluntários que coordena a retirada.

"Quase 20 ônibus que transportavam pessoas retiradas de Aleppo chegaram esta manhã à base de operações ao oeste da cidade", completou o médico.

Menos de duas horas depois, outros 25 veículos chegaram ao local, o que elevou o total a mais de 3.000 pessoas retiradas de Aleppo nesta segunda-feira.

Ao mesmo tempo, quase 500 pessoas subiram em mais de 10 ônibus para abandonar as localidades xiitas de Fua e Kafraya, sitiadas pelos rebeldes na província vizinha de Idlib, noroeste da Síria, informou o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).

No domingo, vários ônibus que aguardavam para entrar nas duas localidades foram atacados e incendiados por homens armados de um grupo extremista. Um dos motoristas foi atingido e morreu.

O grave incidente provocou a suspensão das operações nas três cidades.

Mesmo assim, 350 pessoas conseguiram sair no domingo de Aleppo e chegar a Khan al-Assal, em território rebelde, ao oeste da segunda maior cidade da Síria graças à mediação de Rússia e Turquia, segundo o diretor do OSDH, Rami Abdel Rahman.

Milhares de pessoas permanecem bloqueadas desde sexta-feira em Aleppo, reconquistada quase em sua totalidade pelo regime de Bashar al-Assad após uma violenta ofensiva aérea e terrestre de um mês, aliada a um cerco implacável desde julho.

No reduto rebelde ainda estariam quase 40.0000 civis e entre 1.500 e 5.000 combatentes junto a suas famílias, de acordo com o enviado especial da ONU para a Síria, Staffan de Mistura. 

O novo acordo alcançado entre os beligerantes para evacuar Aleppo, Fua e Kafraya prevê que as operações aconteçam de forma sincronizada.

Após a conclusão da retirada de Aleppo, o regime proclamará a reconquista total da cidade, o que representará sua maior vitória desde o início da guerra em 2011, que deixou mais de 310.000 mortos e provocou o deslocamento de metade da população do país.

Em busca de um voto unânime na ONU

Em Nova York, o Conselho de Segurança da ONU deve se pronunciar nesta segunda-feira sobre um novo projeto de resolução que pretende garantir o bom desenvolvimento da retirada de civis e rebeldes no leste de Aleppo.

Após uma longa sessão de consultas a portas fechadas no domingo, os 15 membros do Conselho de Segurança chegaram a um compromisso para modificar um texto apresentado pela França e que chegou a ser ameaçado por um veto da Rússia. Mas à noite, o embaixador russo Vitali Churkin afirmou que era "um bom texto".

A resolução será votada às 09H00 locais (12H00 de Brasília).

Moscou - grande aliado de Damasco - sempre vetou as resoluções do Conselho de Segurança, mas desta vez a embaixadora americana Samantha Power afirma que espera uma "votação unânime" a favor.

O embaixador francês François Delattre disse que os 15 países encontraram uma "área de entendimento" para um texto de compromisso.

No último rascunho do projeto, obtido pela AFP, há uma demanda para que "a ONU e outras instituições pertinentes que supervisionem de maneira adequada, neutra e direta as retiradas dos bairros do leste de Aleppo".

A ONU deverá, para isto, "enviar funcionários adicionais". 

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