Trump fez declarações polêmicas durante visita ao estado de Ohio nessa quinta (1º) Foto: AFP
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Ao ressaltar que seis das oito companhias americanas de ar condicionado estão realocadas no México, Trump insistiu: "Não toleraremos mais". "Abandonar o país vai ser muito, muito difícil", insistiu. "Gostamos do México. Estive há três meses com o presidente do México, um cara incrível, mas devemos ter um tratamento justo. Não recebemos nada", afirmou, reiterando as críticas de campanha contra o Acordo de Livre-Comércio da América do Norte (Nafta, na sigla em inglês). "Temos o Nafta, que é um desastre total", afirmou. Trump também reiterou sua promessa de construir um muro na fronteira com o México. "Acreditem em mim, vamos construir esse muro", afirmou.
O magnata nova-iorquino fez da Carrier um símbolo desde que a fábrica anunciou que não vai transferir os mil empregos para o México, garantindo na última terça-feira (29) no Twitter ter "chegado a um acordo com o presidente eleito". Em nota publicada depois, a empresa explicou que os "incentivos propostos pelo Estado (de Indiana) tiveram um papel importante" na decisão.
"O estado de Indiana ofereceu a Carrier um pacote plurianual de US$ 7 milhões, acompanhado de condições de emprego, de manutenção de postos de trabalho e de investimentos financeiros", relatou a filial do gigante United Technologies, nessa quinta-feira. Segundo veículos da imprensa americana, também receberá benefícios fiscais por seis anos.
Indianápolis foi a primeira parada de Trump em uma "turnê da vitória" por estados industriais, onde pavimentou seu caminho à Casa Branca com a mensagem de que devolverá empregos em uma região deprimida pela realocação de empresas para outros países. Acompanhado de seu vice-presidente, Mike Pence, que também é governador de Indiana, Trump narrou em detalhe como, durante um telefonema, forçou o braço do presidente do grupo United Technologies, Gregory Hayes, presente na sala.
Também ironizou aqueles que o criticam por menosprezar, com essa postura, a função presidencial. "Eles dizem que não é presidencial ligar para esses grandes líderes empresariais. Acho, pelo contrário, que é muito presidencial e, se não for, tudo bem", minimizou.
Os empregos salvos representam, porém, apenas uma mínima parte do problema. No Twitter, o economista Paul Krugman calculou que um acordo similar semanal durante quatro anos devolveria apenas 4% de todos os postos de trabalho desaparecidos desde 2000.
A proposta de Trump abarca, principalmente, reduzir impostos, de 35% a 15% "com sorte", e eliminar regulações "sem sentido" que "esmagam" os negócios. O ex-pré-candidato democrata à presidência Bernie Sanders denunciou uma "solução que apenas piora o problema de desigualdade nos Estados Unidos". "Em vez de um (pagamento de) impostos, a empresa vai-se beneficiar de uma redução de impostos. Uau! (...) Como é que isso pune as companhias que se mudam dos Estados Unidos?", ironizou.
Na localidade de Huntington, 700 empregados de uma fábrica de microprocessadores pertencente à United Technologies temem por sua estabilidade, já que a empresa planeja deslocar a produção para o México em 2018. A taxa de desemprego é de 4,4% em Indiana, onde as empresas buscam pessoal altamente qualificado, como nos setores de Tecnologia da Informação, ou fabricação automatizada. A "turnê" de Trump continuou, nessa quinta, no também industrial estado de Ohio.