Theresa May não deu respostas definitivas sobre questões-chave da imigração e do acesso ao mercado europeu. Foto: Justin Tallis / AFP
"O enfoque correto é não ter pressa antes de ter terminado o trabalho de preparação e tomar tempo para ter clareza sobre nossa posição na negociação" para sair da União Europeia, disse May a uma centena de empresários da Confederation of British Industry (CBI), a principal organização patronal do país.
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Desde então, muitos empresários pediram ao governo conservador que implemente o processo de saída da UE com bases claras para evitar a incerteza, prejudicial para o entorno econômico.
As complexas negociações com Bruxelas começarão assim que o governo britânico ativar oficialmente o artigo 50 do tratado de Lisboa, algo que quer fazer antes de março.
A primeira-ministra reconheceu que o setor financeiro precisa de "clareza" sobre como o processo se desenvolverá.
Entretanto, não deu detalhes sobre as duas principais preocupações dos empresários: saber se poderão continuar contratando trabalhadores europeus que possam se instalar livremente na Grã Bretanha e se ainda terão acesso livre e sem barreiras ao mercado europeu.
May se limitou a avançar algumas das medidas orçamentárias, as primeiras após o referendo do Brexit, que seu ministro de Finanças Philip Hammond apresentará na quarta-feira.
Entre elas um aumento de 2 bilhões de libras anuais (2,3 bilhões de euros) até 2020 do orçamento de pesquisa e desenvolvimento, uma medida que servirá para reforçar o objetivo de Londres de se transformar em referência europeia de alta tecnologia.
"Este anuncio é muito positivo. Sempre se pode pedir mais, mas não é pouco" disse Mark Lloyd Davies, um responsável britânico da Johnson & Johnson, que participou da conferência.
A CBI também saudou a medida, considerando-a "um grande passo", ainda mais no setor tecnológico, "em que o Reino Unido tem um atraso em relação a alguns de seus sócios", segundo Rain Newton-Smith, economista da patronal.
Richard Brook, presidente da Associação de Organizações para a Inovação, a Pesquisa e as Tecnologias (Airto), pediu que essa medida "não substitua o financiamento que atá agora vinha da UE".
Em sua intervenção, a premiê britânica também afirmou que seu governo quer construir um sistema fiscal "profundamente pró-inovação" e recordou seu compromisso de rebaixar o imposto de sociedades de 20% a 17%, o nível mais baixo dos países ricos e emergentes do G20.
Outra das possíveis medidas fiscais anunciadas nesta quarta-feira é um plano de investimentos de 1,3 bilhão de libras (cerca de 1,5 bilhão de euros) para renovar as estradas do país.