Racismo

Homens são presos por trancarem negro em caixão na África do Sul

Rafael Paranhos da Silva
Rafael Paranhos da Silva
Publicado em 16/11/2016 às 19:42
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Willem e Theo Martins Jackson compareceram a uma sala de audiências lotada, na presença da vítima / Foto: AFP

Willem e Theo Martins Jackson compareceram a uma sala de audiências lotada, na presença da vítima Foto: AFP

Dois sul-africanos brancos que tentaram trancar um jovem negro em um caixão ficarão presos até janeiro - determinou um tribunal local nesta quarta-feira (16) em uma audiência que reuniu centenas de manifestantes que denunciavam o racismo.

"Não peçam mais sua liberação por fiança. Vocês ficarão detidos até 25 de janeiro de 2017", data da próxima audiência, indicou o juiz Jongilizwe Dumehleli, do tribunal de Middelburg, no nordeste do país.

Acusados de agressão e tentativa de golpes e ferimentos, Willem Oosthuizen e Theo Martins Jackson, ambos de 28 anos, compareceram novamente a uma sala de audiências lotada, na presença da vítima.

Os dois foram presos na segunda-feira (14), em meio à indignação geral provocada pela publicação on-line de um vídeo do incidente, ocorrido em 17 de agosto.

Nas imagens, vê-se a vítima, Victor Mlotshwa, deitado em um caixão colocado no chão. Um dos acusados tenta trancá-lo à força, enquanto a vítima geme e tenta impedir a agressão a todo custo.

Em entrevista à rede Enca, Victor Mlotshwa deu detalhes da violência sofrida

Em entrevista à rede Enca, Victor Mlotshwa deu detalhes da violência sofridaFoto: AFP

Em entrevista à rede Enca, Victor Mlotshwa deu detalhes da violência sofrida.

"Estava atrasado. Tomei um atalho para ir para Middelburg. Me acusaram de ter entrado sem permissão nas terras deles. Me agrediram e me amarraram e, depois, me levaram para uma propriedade próxima", contou o jovem, que usava uma camiseta com as cores do Congresso Nacional Africano (ANC), o partido no poder.

"E lá me jogaram no caixão", completou.

Protesto em frente do tribunal

Nesta quarta-feira, mais de 200 pessoas atenderam à convocação dos principais partidos da oposição e da base governista no país e protestaram na frente do tribunal.

"Prisão perpétua para os racistas", ou "O racismo não tem vez na nossa sociedade democrática", podia-se ler nos cartazes.

Passados 20 anos do fim oficial do regime racista do Apartheid e da eleição de seu primeiro presidente negro, Nelson Mandela, a África do Sul ainda se debate com os demônios de seu passado. Amplamente exploradas pela classe política, as polêmicas raciais continuam sendo muito frequentes.

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