Homenagem

França recorda as vítimas no primeiro ano dos atentados de Paris

Rafael Paranhos da Silva
Rafael Paranhos da Silva
Publicado em 13/11/2016 às 13:11
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Participaram no evento várias pessoas que ficaram feridas nas explosões que ocorreram nas imediações  / Foto: AFP

Participaram no evento várias pessoas que ficaram feridas nas explosões que ocorreram nas imediações Foto: AFP

A França começou as cerimônias em homenagem às vítimas dos atentados de Paris de 13 de novembro, que neste domingo completam um ano.

O presidente François Hollande inaugurará seis placas em memória das 130 vítimas das ações dos extremistas que abalaram o país.

Os eventos começaram às 9h (horário local) em frente ao Stade de France, onde Hollande inaugurou uma primeira placa em memória de Manuel Dias, um português de 63 anos que morreu a poucos metros do estádio quando um camicase explodiu seu cinturão.

Depois de um minuto de silêncio, o filho da vítima, Michael Dias, leu uma mensagem na qual recordou seu pai e fez apelo à tolerância.

"Não deixo de ouvir meu pai, que nos diz que não devemos viver com medo. Frente a este medo de viver, de sair, devemos continuar avançando livres, sem ceder jamais a quem quer nos aterrorizar", declarou Michael, de 31 anos.

Também participaram no evento várias pessoas que ficaram feridas nas explosões que ocorreram nas imediações do estádio nacional, enquanto as seleções da França e da Alemanha disputavam uma partida.

Hollande, que estava presente no estádio naquela noite de 13 de novembro de 2015, falou durante 15 minutos com algumas das vítimas, entre elas um guarda do estádio que ficou confinado a uma cadeira de rodas.

Seguindo a ordem cronológica dos ataques, o presidente socialista, acompanhado do primeiro-ministro  Manuel Valls e da prefeita Anne Hidalgo, inauguraram em seguida outras placas perto de bares e restaurante nordeste da capital, onde morreram 39 pessoas.

Não serão esquecidos

Olivier, de 28 anos, lutava para conter as lágrimas durante a cerimônia que teve lugar em frente ao bar Le Carillon e ao restaurante Le Petit Cambodge.

Ele foi baleado no braço e viu um amigo morrer. Neste domingo, acompanhou a mãe de seu amigo nas homenagens. "Tinha que vir apoiá-la", afirmou à AFP.

A última placa foi inaugurada frente ao Bataclan, a sala de espetáculos onde um comando radical invadiu disparando durante uma apresentação do grupo americano Eagles of Death Metal, matando 90 pessoas.

"Foi uma cerimônia sóbria, digna e emotiva. Nunca pensei que ouvir os nomes das vítimas me afetaria tanto", afirmou à AFP Thierry, um dos sobreviventes do Bataclan.

No sábado, a música voltou a soar na casa de shows parisiense através de Sting, em uma emocionante apresentação que contou com um minuto de silêncio em homenagem às vítimas.

O show de Sting durou uma hora e meia e, depois das últimas notas de "The Empty Chair", vários espectadores se abraçaram, e outros ovacionaram tanto a apresentação do cantor britânico quanto o renascimento desse estabelecimento.

Na casa, com capacidade para quase 1.500 lugares, reuniram-se sobreviventes e familiares das vítimas, além de várias autoridades.

Os mil ingressos colocados à venda na última terça-feira se esgotaram em menos de meia hora. 

Sting não cobrou pelo show, cuja renda será destinada a essas duas associações de vítimas do atentado.

Jesse Hugues, o vocalista da Eagles of Death Metal, assim como outro membro dessa banda, teriam tido sua entrada barrada pelas polêmicas declarações sobre a segurança do lugar em março passado, mas o agente do grupo desmentiu a notícia.

O programa oficial das homenagens concluiu na prefeitura do distrito IX de Paris, onde soltaram dezenas de balões multicoloridos em memória das vítimas.

O arcebispo de Paris, o cardeal André Vingt-Trois, presidirá à noite uma missa pelas vítimas na catedral de Notre-Dame.

A associação "13 de novembro: fraternidade e verdade" também convocou os franceses a participarem dos atos, colocando velas em suas janelas.

Há um ano, a primeira vítima foi identificada a poucos metros do Stade de France. Três homens acionaram seus cinturões de explosivos, tirando a vida de Manuel Dias. Em seguida, morreram 129 pessoas em outros pontos da cidade.

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