Após o anúncio do início da ofensiva, a ONU expressou uma profunda preocupação com a segurança de 1,5 milhão de civis que vivem em Mossul, cidade isolada do mundo. Foto: Delil Souleiman / AFP
Após o anúncio do início da ofensiva, a ONU expressou uma profunda preocupação com a segurança de 1,5 milhão de civis que vivem em Mossul, cidade isolada do mundo.
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O primeiro-ministro iraquiano, Haider al-Abadi, anunciou o início da operação em um discurso exibido na televisão.
"O tempo da vitória chegou e as operações para libertar Mossul começaram", declarou o chefe de Governo. "Hoje declaro o início das operações vitoriosas para libertá-los da violência e do terrorismo do Daesh", acrônimo árabe de Estado Islâmico (EI), completou Abadi, em uma frase dirigida aos moradores da região de Mossul.
Após o anúncio, uma coluna de veículos blindados iniciou o avanço para Mossul, a partir de uma posição a 45 km da grande cidade do norte do Iraque.
Mossul, que fica às margens do rio Tigre e que tem população majoritariamente sunita, caiu em poder do Estado Islâmico em 9 junho de 2014.
Em 29 de junho de 2014, o líder do EI, Abu Bakr al-Baghdadi, proclamou na grande mesquita de Mossul o Califado Islâmico nos territórios conquistados pelos extremistas no Iraque e na Síria durante campanhas relâmpago em 2014 e 2015.
O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Ashton Carter, afirmou que as operações para recuperar Mossul são fundamentais para derrotar o Estado Islâmico. "Este é um momento decisivo para infligir uma derrota duradoura ao EI", destacou Carter em um comunicado.
"Confiamos que nossos aliados iraquianos conseguirão impor-se ao nosso inimigo comum e libertarão Mossul e o resto do Iraque do ódio e da brutalidade do EI".
O Pentágono considerou um sucesso o primeiro dia das operações. "Por enquanto, o primeiro dia transcorreu conforme o previsto", indicou o porta-voz do Pentágono, Peter Cook, em coletiva de imprensa. "No meio do dia, forças iraquianas quase tinham alcançado seu objetivo do dia", declarou.
Uma longa batalha
O primeiro-ministro Al-Abadi não revelou detalhes sobre as operações militares iniciadas na madrugada de domingo para segunda-feira, mas de acordo com analistas a primeira etapa consistirá, antes dos combates nas ruas, em cercar completamente a cidade.
Os jihadistas em Mossul, entre 3.500 e 4.000, estão fortemente armados e tiveram tempo suficiente para preparar a defesa da cidade.
A ofensiva pode demorar semanas, ou até mais, de acordo com o comandante da coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos, o tenente-general americano Stephen Townsend. "A batalha se anuncia longa e difícil, mas os iraquianos se prepararam e nós estaremos a seu lado", completou.
Al-Abadi explicou no discurso que apenas o exército e a polícia iraquianos entrarão em Mossul, apesar de numerosas forças de segurança participarem na ofensiva, incluindo peshmergas curdos e milícias sunitas e xiitas.
Os sunitas, minoria em um Iraque de maioria xiita, temem as consequências da entrada na cidade das milícias paramilitares xiitas Hachd al-Shaabi (Unidades de Mobilização Popular), apoiadas pelo Irã.
Milhares de combatentes curdos iraquianos avançavam nesta segunda-feira em direção a localidades controladas pelo EI ao leste de Mossul.
A coalizão internacional chefiada pelos Estados Unidos oferece cobertura aérea e apoio terrestre através de conselheiros e forças especiais.
Em preparação à ofensiva, a Força Aérea iraquiana lançou dezenas de milhares de panfletos sobre Mossul, anunciando as operações e dando instruções de segurança para os moradores.
Previsto deslocamento em massa da população
Um deslocamento em massa da população pode ter início daqui a uma semana em Mossul, advertiu a ONU nesta segunda-feira, horas após o anúncio do início da operação iraquiana.
A coordenadora da ONU para o Iraque, Lise Grande, disse que "esperamos, baseando-nos no que nos disse o exército (iraquiano), que se ocorrem importantes deslocamentos da população, isto ocorrerá daqui a cinco ou seis dias".
Grande, que se dirigiu por Skype a jornalistas em Erbil, capital da região autônoma do Curdistão iraquiano, acrescentou que se trabalha a partir de uma hipótese de 200.000 deslocados "nas primeiras duas semanas", embora a cifra possa aumentar.
"No pior dos casos, vamos literalmente rumo à maior operação humanitária no mundo em 2016", advertiu anteriormente.
Paris terá reunião sobre Mossul em 25 de outubro
Vários ministros da Defesa da coalizão internacional que combate o grupo Estado Islâmico (EI) se reunirão em 25 de outubro, em Paris, para fazer um balanço da ofensiva em Mossul, informou nesta segunda-feira o ministério francês.
Uma dezena de ministros, entre eles o secretário de Defesa americano, Ashton Carter, serão recebidos pelo contraparte francês, Jean-Yves Le Drian, informou a assessoria deste último.
Além dos ministros de Canadá, Austrália e Nova Zelândia, outros oito europeus (Grã-Bretanha, Alemanha, Bélgica, Holanda, Itália, Espanha, Noruega e Dinamarca) estarão presentes.
A coalizão conta com a participação de 60 países, incluindo árabes e asiáticos, com um nível de compromisso muito variável.
Os ministros da Defesa da coalizão contra o EI já se reuniram quatro vezes este ano, em janeiro em Paris, em fevereiro em Bruxelas, em maio em Stuttgart (Alemanha) e em julho em Washington.