Natureza

Terremoto previsto para a costa noroeste do Oceano Pacífico ainda não aconteceu

Wladmir Paulino
Wladmir Paulino
Publicado em 08/09/2016 às 18:48
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Um terremoto no Equador, em abril, matou mais de 600 pessoas. / Foto: Fotos Públicas.

Um terremoto no Equador, em abril, matou mais de 600 pessoas. Foto: Fotos Públicas.

Entramos no nono mês do ano e uma das maiores catástrofes naturais previstas ainda não aconteceu, o que gera sempre um misto de incredulidade - de quem não leva previsões em consideração - e apreensão - de quem vê o lado científico da coisa. E é o lado científico que fala alto sobre um grande terremoto esperado para este ano na costa noroeste do Oceano Pacífico. A teoria é de um dos físicos mais respeitados do mundo, o norte-americano Michio Kaku. Ele aguarda um tremor na casa dos nove graus na escala Richter por conta da falha de Cascadia. O potencial da tragédia é tamanho que pode deixar de 500 mil a 2 milhões de pessoas desabrigadas também por conta de um tsunami após o sismo.

A previsão de Kaku foi feita ainda no ano passado durante entrevista ao programa The New Yorker. Segundo ele, a falha de Cascadia tem energia para causar um terremoto mais forte que a falha de San Andreas. Esta resultou num abalo que devastou San Francisco em 1906. Cascades ocupa uma extensão de 1,1 mil quilômetros, desde a província de Columbia Britânica, no Canadá, até o norte da Califórina (EUA).

O perigo dessa falha é menos difundido porque ela começou a ser estudada com mais profundidade há cerca de 30 anos. Esses estudos identificaram que Cascadia foi responsável por mais de 40 tremores de terra nos últimos dez mil anos. O último terremoto originado por ela aconteceu há mais de 300 anos e os cálculos apontam para magnitude entre 8,7 e 9,2 graus. É justamente neste longo intervalo que a teoria de Kaku se apoia. Segundo ele, o intervalo dos abalos é, em média, de 244 anos, portanto havendo um 'atraso' de 16 anos.

A Agência Federal para o Gerenciamento de Emergências dos Estados Unidos (FEMA, em inglês) estima que se a falha romper totalmente ao menos cinco cidades serão atingidas com maior gravidade: Seattle, Olimpia, Portland e Salem. E o maior problema não será apenas o tremor, mas, em escala bem superior, o tsunami, que alcançaria a costa cerca de 20 minutos após o terremoto, que deve durar quatro minutos.

Para o professor de Geofísica e coordenador do Laboratório Sismológico do Nordeste, Joaquim Ferreira, qualquer previsão a respeito de uma data exata ou aproximada de um terremoto não encontra respaldo prático. A única coisa possível de prever é que o abalo sismíco vai acontecer. Até porque as falhas geológicas estão aí para isso. Se vai ser hoje, amanhã ou no próximo século já é outra história.

Ele cita como exemplo o caso do Japão. O terromoto que atingiu a costa nordeste do país em 2011 não estava na lista de probabilidades dos estudiosos. "A área mais propensa a terremotos é a baía de Tóquio. Um terremoto não é como a meteorologia, pois não existem variáveis que podem ser controladas. Um tufão, por exemplo, dificilmente pega algum lugar desprevenido, pois existem satélites monitorando. Embaixo da terra é mais difícil", explica.

A ação do homem, nesse caso, também não influencia em nada um terremoto. De acordo com Joaquim, variáveis externas, incluindo aí o clima, não passam dos cinco metros de profundidade do solo.

ORIGEM DOS TERREMOTOS

Embora a imagem de um terremoto nos remonte a ruas rachadas e edificações destruídas o abalo começa lá dentro da crosta terrestre. A causa mais comum é o encontro de placas tectônicas. Esses blocos estão em constante movimento e nas chamadas zonas de convergência elas se chocam e a energia se propaga em forma de ondas sísmicas. O local do choque das placas é chamado hipocentro. A superfície dele é conhecida como epicentro. A força do tremor é medida numa escala conhecida por Richter.

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